São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2006

Próximo Texto | Índice

Painel

@ - Renata Lo Prete

Em pedaços

Na abertura oficial da temporada de autocrítica do PT, o diretório paulista do partido se reúne hoje dividido em nada menos do que dez grupos internos. Cada um deles decidiu apresentar um texto para o encontro, o que revela o tamanho do racha após o escândalo do dossiê e a derrota de Aloizio Mercadante.
À exceção do material dos poucos petistas que ainda estão com o senador, os documentos são duros com os "aloprados". Também reservam críticas aos erros de estratégia da campanha no Estado e às práticas gerais da sigla. "Não podemos negar que uma determinada cultura aparelhista, burocrática, mandonista e fisiológica encontra amplo respaldo na direção do PT", afirma um texto preparado pela esquerda partidária.

Voz para todos. Até mesmo João Paulo Cunha decidiu se distanciar da direção paulista do PT. "Ao menos poderíamos perder sem ter que assistir ao episódio do dossiê", diz o documento do grupo do ex-presidente da Câmara.

Te pego. A reunião de hoje do diretório paulista do PT terá outro ponto de tensão. O presidente estadual do partido, Paulo Frateschi, não gostou nada de saber que teve de prestar esclarecimentos à Polícia Federal no inquérito que investiga o dossiê essencialmente por ter sido citado no depoimento de Mercadante.

Bem na foto. Partidos, movimentos sociais e entidades de classe passaram o dia de ontem numa corrida para ver quem entraria primeiro na Justiça contra o aumento de salário dos parlamentares. Venceu a CUT do Distrito Federal, que conseguiu protocolar ação no fim da tarde, antecipando-se ao PPS e à UNE.

Cinderela. Os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Joaquim Barbosa (STF) e a assessora da Presidência Clara Ant eram os mais animados no coquetel realizado após a diplomação de Lula. Ant deixou o Itamaraty com as sandálias na mão.

Ressaca. Ontem, em palestra a militares, Dilma trocou a cidade que será o ponto de partida da ferrovia Transnordestina. Disse "Eliseu Resende" (senador eleito pelo PFL-MG). O município piauiense se chama Eliseu Martins.

Minha vez. Senadores "desempregados" do PMDB começaram a sondar os colegas a fim de ocupar a vaga de ministro do TCU, reaberta com a rejeição de Luiz Otávio (PA) pela Câmara. Amir Lando (RO) e Maguito Vilela (GO) já estão em campanha.

Até ele. Opositor feroz do governo Lula, o senador Jefferson Péres (AM) diz em carta ao partido que é contra a adesão ao governo, mas promete "manter canal aberto de diálogo" com o presidente.

Passou. Em fase de reconciliação com o PSB após flerte com a oposição, o deputado Julio Delgado (MG) desistiu da posse do governador de seu Estado, Aécio Neves (PSDB), para ir ao evento de Eduardo Campos, presidente do partido, em Pernambuco.

Anti-Chávez. José Maria Aznar, espécie de guru do PFL, vem ao Brasil em abril, a convite do partido. O ex-premiê espanhol será palestrante de honra do seminário "Populismo na América Latina". FHC, outro convidado, ainda não confirmou presença.

Pela tangente. Futuro secretário do tucano José Serra e colega de partido do prefeito Gilberto Kassab (PFL), Afif Domingos tem feito de tudo para não tratar da ação da Associação Comercial, presidida por ele, contra a lei que proíbe outdoors em São Paulo.

Isolado. Vem da pequena Cambé (PR) uma das únicas críticas públicas de tucanos à disposição de Tasso Jereissati de apoiar Ciro Gomes (PSB-CE) para a Presidência em 2010. "Ele deveria se demitir já da presidência do partido", diz Erasmo Machado, que comanda o PSDB local.

Tiroteio

"Precisamos de um Sherlock Holmes brasileiro para os crimes insolúveis do PT: a morte dos prefeitos Celso Daniel e Toninho, o valerioduto e, agora, a origem do dinheiro do dossiê."


Do deputado LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR) sobre o relatório da CPI dos Sanguessugas, que não apresentou conclusões sobre a origem do dinheiro que seria usado para comprar o dossiê contra José Serra.

Contraponto

Menos caloria

Em visita ao Congresso na terça passada, Geraldo Alckmin foi saudado por oposicionistas, que elogiaram a silhueta mais esbelta do candidato derrotado à Presidência.
-Perdi três quilos desde o final da campanha- contou o tucano em bate-papo no cafezinho do Senado.
Sérgio Guerra (PSDB-PE) arriscou uma explicação:
-É que você não viaja mais com o Heráclito Fortes.
O pefelista costumava distribuir guloseimas no avião. Alckmin concordou com o diagnóstico e acrescentou:
-Nem tomo mais café da manhã na casa do Zé Jorge.
O senador, vice na chapa de Alckmin, oferecia uma mesa repleta de quitutes pernambucanos.


Próximo Texto: 19 Assembléias seguem o Congresso e sobem salários
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.