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CPI sugere ligação da Petrobras com dossiê
Relatório diz que gerente da estatal e sócio de empresa contratada pela companhia telefonaram para Hamilton Lacerda
Ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Lacerda é acusado pela PF de ter transportado o dinheiro para a aquisição do dossiê
LEONARDO SOUZA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com base nas investigações
da Polícia Federal, a CPI dos
Sanguessugas concluiu que há
indícios de participação de pessoas ligadas à Petrobras na
compra do dossiê antitucano.
Aprovado por unanimidade,
o relatório final da CPI, encerrada na quinta, destaca que a
PF pediu a quebra do sigilo telefônico de Wilson Santarosa,
gerente de Comunicação Institucional da Petrobras, e do empresário Paulo Eduardo Nave
Maramaldo, sócio da empresa
NM Engenharia e Anti-Corrosão Ltda., contratada da estatal.
Tanto Santarosa quanto Maramaldo trocaram ligações com
Hamilton Lacerda no período
de negociação do dossiê. Ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Lacerda foi
identificado pela PF como o homem que transportou o dinheiro (R$ 1,75 milhão) que seria
usado na aquisição do material
contra o PSDB. Lacerda recebeu também ligação de Dudu
Godoy, da agência de publicidade Quê, outra prestadora de
serviços da Petrobras.
Conforme a Folha publicou
no mês passado, a PF identificou 36 chamadas entre Lacerda e a Petrobras entre agosto e
setembro. Todas as ligações estão relacionadas a Santarosa,
responsável por um orçamento
de aproximadamente R$ 700
milhões nas áreas de publicidade e patrocínio.
"Todos esses contatos mantidos pelo sr. Hamilton Lacerda [...] com o sr. Wilson Santarosa, em dias importantes no
roteiro da negociação de compra do dossiê, nos levam a sugerir que a Polícia Federal e o
Ministério Público aprofundem as investigações sobre
eventual participação de pessoas ligadas a Petrobras na
compra do mencionado dossiê", informa o relatório final.
A CPI ressaltou também que
Santarosa mantém "estreita
relação de amizade" com o ex-ministro José Dirceu. No dia 11
de setembro, Dirceu trocou
uma ligação com Jorge Lorenzetti, apontado pela PF como o
"articulador" da compra do
dossiê. Nesse mesmo dia, Lacerda falou quatro vezes com
Santarosa. Dois dias depois Lacerda levaria, segundo a PF, o
dinheiro ao emissário petista
Gedimar Passos, no hotel Ibis
Congonhas, em São Paulo.
A assessoria de imprensa da
Petrobras já deu duas versões
distintas para os telefonemas
trocados entre Lacerda e Santarosa. Na primeira ocasião,
afirmou que Lacerda queria
obter ingresso para o GP Brasil
de F1. Na segunda versão, informou que Lacerda procurou
Santarosa para tentar vender
convites de jantares de apoio à
candidatura de Mercadante.
A PF deve abrir um inquérito
específico para investigar a relação de Lacerda com a Petrobras. Além dos telefonemas
trocados com Santarosa, foram
apreendidos na casa de Lacerda e na imobiliária de sua família uma série de documentos
relacionados à estatal. A Polícia
Federal suspeita que ele tenha
praticado "tráfico de influência" na empresa.
Numa pasta da Markplan
Marketing, Planejamento e
Propaganda, havia material de
projetos patrocinados pela Petrobras ou suas subsidiárias.
Foram encontrados também
dados cadastrais, bancários e
de clientes de uma distribuidora de combustíveis e outra de
solventes.
Havia ainda um e-mail com o
seguinte comentário: "Referente à Petrobras, precisamos
de um contato dentro da Petrobras, para abertura de um canal
direto com condições de preços
e cotas diferenciados".
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