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Morador de SP, deputado se destaca para sucessão no Rio
Com discurso policialesco e debochado, Wagner Montes é assediado por Maia e Cabral
Programa na Record dá visibilidade na capital a evangélico, cujo rival é o senador e bispo da Igreja Universal Marcelo Crivella
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Um dos líderes na disputa
para a Prefeitura do Rio, Wagner Montes (PDT), 53, tem endereço em São Paulo, vive em
hotel no Rio e faz do estilo policialesco a característica que lhe
dá audiência na TV e agora
também lhe rende votos. Carismático e desbocado, o deputado estadual e apresentador de
TV fuma um Chanceller após o
outro, enquanto fala e brinca
com todo mundo na rua do hotel na zona sul, onde fica no Rio.
O ex-calouro de Silvio Santos
nasceu em Duque de Caxias
(Baixada Fluminense), mas
não mora no Estado. Sua casa é
São Paulo, onde há 20 anos estão sua mulher, a atriz Sônia Lima, e os dois filhos.
Líder nas pesquisas de intenção de voto para prefeito do Rio
(empatado com o senador Marcelo Crivella, 15%, segundo o
Datafolha), foi o deputado mais
votado na cidade em 2006 e o
terceiro no Estado, com 111.802
votos e discurso pró-polícia.
Parte do prestígio se deve ao
"Balanço Geral", programa de
notícias policiais na TV Record
que disputa com a Globo a liderança entre 12h30 e 14h. O público é 82% das classes C, D e E.
O prefeito Cesar Maia
(DEM) o convidou para reunião, quarta-feira. O governador Sérgio Cabral (PMDB)
também quer conversar. "Sou a
noivinha bonitinha com quem
todo mundo quer casar", diz.
"Quero é ser governador."
Seu maior rival é Marcelo
Crivella (PRB), senador e bispo
da Igreja Universal, cujos líderes são donos da Record.
Para Wagner Montes, evangélico, não há constrangimento. "Se é desconfortável, não é
para mim nem para a Record.
Tanto que renovou meu contrato até 2009", disse.
O senador contou ter levado
o apresentador à emissora. "Jamais moveria uma palha para
frustrar o sonho de ser prefeito.
Se ele for para o segundo turno,
o apoiaria com honra", disse.
Wagner Montes chega à TV
às 11h45. Tira do armário a farda de "único comandante-geral
honorário da PM". Troca de
roupa na frente da reportagem.
"Nunca um repórter viu minha
perna mecânica [sofreu um acidente de triciclo em 1981]. A
Record que me deu. Me dá tudo. Tenho um terno novo por
dia, é a ordem do presidente."
Sem maquiagem -"só dou
uma "força" no cabelo"- entra
no estúdio. No programa, é
agressivo com criminosos e defende a "poliçada". "Torço para
um desgramado desses me dizer: "Perdeu, tio". E eu: "Achou,
sobrinho", e dou uma caroçada
[tiro]." Em outro momento, diz
como devem ser os interrogatórios. "Passa manteiga no biscoito, no pão, sabe? Molha... e
passa bem [gesticula, como se
estivesse dando tapas]."
Não é defensor de direitos
humanos. "Direitos Humanos
para humanos direitos: para o
chefe de família, policial. Não
vejo comissão ir a casa de policial morto ou chefe de família."
Na Alerj, onde não registra
nenhuma falta neste ano, a
maioria de seus projetos beneficia policiais e bombeiros.
Candidatos
Com 9% na resposta espontânea -4,5 vezes o índice de
Montes e Crivella-, César
Maia atribui o desempenho de
Montes à "novidade" e à sua capacidade de comunicação com
os setores populares.
Para o prefeito, que infla a
candidatura do deputado em
seu "ex-blog", embora defenda
a da deputada federal Solange
Amaral (DEM), Montes e Crivella disputam o mesmo eleitorado. "Se Cesar Maia e Sérgio
Cabral me apoiarem, Crivella
não decolar, e a igreja [Universal] me apoiar, aí é infalível",
diz Wagner Montes.
Segundo Crivella, as pesquisas de agora estão muito distantes da realidade do ano que
vem. "Meu cenário ideal é uma
aliança dos partidos de esquerda. Mas parece que a esquerda
só se une na cadeia, né?", disse.
A terceira candidata forte é
Denise Frossard (PPS), que disputou o segundo turno da eleição ao governo contra Cabral,
apoiada por Cesar Maia.
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