São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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CASO SANTO ANDRÉ

Deputado pede que OAB o desagrave

Greenhalgh criticou Folha por publicar acusação de um preso

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado e deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) entregou ontem à seção paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) um pedido público de desagravo por ter sido acusado de agressão por um preso. O petista criticou a Folha, que, em 23 de dezembro, publicou a acusação feita contra ele num interrogatório judicial.
A entrega do pedido (que ainda precisa ser aprovado por um conselho da OAB) foi assistida pelos ministros José Dirceu (Casa Civil), Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Miro Teixeira (Comunicações), pelo presidente da Câmara, João Paulo Cunha, pelo presidente do PT, José Genoino, e pelo ex-ministro da Justiça José Carlos Dias. Cerca de 300 pessoas estavam presentes.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta de apoio ao deputado, que foi lida pelo ministro Márcio Thomaz Bastos, na qual afirmou ser a vida de Greenhalgh "a maior prova de que as acusações absurdas não têm como prosperar".
A acusação contra o deputado partiu do preso Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho. Acusado pela morte do prefeito Celso Daniel, o preso disse à Justiça que só assumiu o crime por ter apanhado de Greenhalgh e de outras pessoas. Antes da publicação, Greenhalgh foi procurado pela Folha e sua versão, a de que a acusação era "absurda", foi divulgada.
Ontem Greenhalgh criticou o fato de a reportagem ter tido acesso a informações sigilosas do processo judicial e pelo jornal ter publicado as declarações do preso: "O segredo de Justiça se mantém para mim, mas não para a Folha". O deputado afirmou ter "mágoa" do jornal. Disse que o depoimento do preso foi acompanhado por outras nove pessoas, que, segundo ele, deveriam ter sido ouvidas -o preso não especificou, em seu interrogatório, quando teria sofrido as supostas agressões.
"Não quero estabelecer uma guerra contra a Folha. Reconhecendo que a Folha e a imprensa têm uma contribuição à democracia, mas quero também que a recíproca seja verdade. Quero também merecer a credibilidade da Folha. O que aconteceu comigo pode acontecer com qualquer advogado", disse.
O deputado elogiou o colunista da Folha Clóvis Rossi, que no Natal publicou coluna defendendo o deputado e afirmando que a acusação era uma loucura.
Na opinião de José Dirceu, a acusação contra Greenhalgh é um "crime contra a honra e não pode passar em branco". Segundo Genoino, o "simples depoimento de um preso não pode atingir a história de vida" do deputado. Em carta lida por Hélio Bicudo, vice-prefeito de São Paulo, a prefeita Marta Suplicy disse que "a Folha presta um desserviço à democracia" ao divulgar a versão do preso.
Também em carta, a presidente do grupo Tortura Nunca Mais do Rio, Cecília Coimbra, classificou de "ridículas as acusações da Folha". Rubens Approbato Machado, presidente nacional da OAB, disse que o jornal "errou" por deixar de ouvir o deputado antes da publicação -Greenhalgh foi ouvido.


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