São Paulo, terça-feira, 17 de janeiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Ao visitar obras, presidente disse que não decidiu sobre candidatura; à noite, destacou feitos

Lula minimiza reeleição, mas exalta governo na TV

Rogerio Cassimiro/Folha Imagem
O presidente Lula é cumprimentado pela população em visita às obras de duplicação da BR-101


SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO J. DE MIPIBU

PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve ontem, no Rio Grande do Norte, o discurso de dubiedade em relação à sua candidatura à reeleição. Criticou a oposição e disse que não vai "perder um segundo de sono" para decidir agora se será ou não candidato. Ele afirmou que vai continuar viajando pelo país visitando obras feitas pelo governo federal.
"Candidatura tem hora para definir. Se alguém tem pressa de definir com antecedência, que defina. Eu não tenho essa preocupação agora. Isso não me faz perder um segundo de sono. Quem deve ter essa preocupação são os adversários", disse o presidente.
À noite, porém, Lula fez um pronunciamento de dez minutos em cadeia nacional de televisão e rádio no qual destacou aqueles que devem ser os principais pontos de sua campanha neste ano: o pagamento antecipado da dívida do país com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a redução da pobreza e as comparações com o governo de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Sobre corrupção, nenhuma menção no primeiro pronunciamento presidencial desde Sete de Setembro.
Na TV, o presidente buscou mostrar ao cidadão -e eleitor- médio o que a melhora da economia influencia em sua vida. De quebra, o governo preparou o lançamento de um plano para coordenar programas sociais e de incentivo à área produtiva.

FMI
O pronunciamento de Lula ocorre mais de um mês após o Brasil formalizar a antecipação do pagamento de US$ 15,5 bilhões ao FMI. No discurso, falou em "livrar-se" do Fundo. "Não vamos mais ter de prestar contas ao FMI. Ao contrário, a partir de agora ele é que tem que nos prestar contas, pois não somos mais devedores e, sim, sócios soberanos."
Apesar do teor do pronunciamento, o presidente passou o dia de ontem negando que estivesse iniciando uma possível campanha eleitoral. "Talvez eles [os críticos] queiram que eu fique trancado lá dentro [do Planalto] para eles poderem andar sozinhos."
Lula visitou pela manhã a obra de recuperação e duplicação de um trecho da rodovia BR-101, em São José do Mipibu (RN), que está sendo executada pelo Exército. Foi a primeira etapa da vistoria às obras que se estendeu para outros dois Estados -Paraíba e Pernambuco- ontem.
Durante a visita de 50 minutos ao Rio Grande do Norte, Lula fez um rápido discurso. Ao encerrá-lo, disse ter pedido para que não fosse montado um palanque para não dar à visita um tom de campanha. Quase não havia público.
O presidente que não queria palanque pela manhã anunciou na TV o lançamento do Plano Brasil Produtivo e Solidário, com o objetivo de integrar as políticas da área social com as do campo do desenvolvimento. O próprio Lula admitiu não se tratar de algo novo, mas sim de uma roupagem redesenhada e de uma coordenação melhor do que já existe.
"Não se trata exatamente da criação de novos programas, mas do avanço de ações que vêm sendo implantadas desde o nosso primeiro ano de governo", disse.
O plano é uma tentativa de tornar palpável o que Lula prometeu na campanha de 2002, de manter a estabilidade econômica sem esquecer do social, crítica que fazia a Fernando Henrique Cardoso.

Paraíba
À tarde, em Alhandra (PB), Lula voltou a falar da oposição, como havia feito no Rio Grande do Norte. Disse que o governo não deve dar atenção às tentativas da oposição de "dificultar" as ações do governo federal. "Aqueles que estão na oposição tentam dificultar o governo, e o governo não tem que ficar dando atenção."
Lula, que visitou as obras de duplicação da BR-101 na Paraíba, feitas pelo Exército, rebateu as acusações de que estaria em campanha eleitoral. "Ora, você passa três anos criando as condições, plantando, adubando, regando. Agora, que está na hora de você começar a colher, por que vai deixar os adversários colher por você?", perguntou. "Nós vamos colher."
Durante sua passagem pelo Estado, cumprimentou os cerca de 500 presentes. Com faixas do PT, os espectadores retribuíram com o refrão da reeleição: "Um, dois, três, Lula outra vez".

Colaborou FÁBIO GUIBU, da Agência Folha, em Alhandra (PB)

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