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CONVOCAÇÃO
Deputados prometem votar fim de salário extra
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
De volta ao trabalho ontem após
um mês de um recesso branco em
que foram cobrados e criticados,
os deputados decidiram apressar
uma medida que pode ajudar a
melhorar a imagem do Congresso
-o fim de salários extras em convocações extraordinárias.
Em almoço na casa do presidente da Câmara, Aldo Rebelo
(PCdoB-SP), líderes do governo e
da oposição fecharam acordo e
prometem votar hoje um projeto
de decreto legislativo que acaba
com os R$ 26 mil extras (equivalente a dois salários) que cada parlamentar recebe pela convocação.
A expectativa é que ele seja aprovado facilmente. O fato de mais de
70 deputados terem doado ou devolvido o dinheiro da convocação
é visto como um sinal disso.
Já uma proposta irmã, que reduz o recesso parlamentar de 90
para 45 dias, é mais difícil de passar. Além de ser uma emenda
constitucional, que precisa de
quórum qualificado (apoio de pelo menos 60% dos parlamentares), sofre forte resistência entre
deputados que contam com o
tempo longe de Brasília para visitar suas bases nos Estados.
A votação hoje do fim do pagamento nas convocações é resultado de uma complexa engenharia
política entre os partidos, como
há pelo menos um ano não se via
na Casa. O governo daria o passo
inicial, aceitando abrir mão do regime de urgência do projeto que
cria a Super-Receita, para que não
mais trancasse a pauta.
Em visita ao Congresso para
discutir a votação do Orçamento,
o ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) contradisse
os líderes partidários, entretanto.
Ele disse que não tinha "autorização do presidente Lula para tirar a
urgência da Super-Receita" nem
foi "consultado a respeito disso".
Ontem à noite foram aprovadas
duas medidas provisórias, liberando a pauta. Hoje e amanhã a
Câmara poderá se dedicar aos
projetos sobre o recesso e a verba
da convocação. No primeiro dia
de funcionamento do plenário, o
painel eletrônico registrou a presença de 430 dos 513 deputados.
A oposição aceitou recolocar a
urgência da Super-Receita na semana que vem e não obstruir a
apreciação de dois projetos de interesse do governo: o Fundeb e a
Lei Geral das Micro Empresas.
Aldo admitiu que a colocação
em pauta do projeto que acaba
com o salário extra é uma resposta às pressões que o Congresso sofreu no último mês. "O Legislativo tem de representar as expectativas da população." Numa cobrança velada aos líderes para que
cumpram o acordo, ele disse que
"a votação é decisão do plenário".
Para o líder do PT na Casa, Henrique Fontana (RS), o fim do salário extra tem de ser votado "enquanto o assunto está quente".
Mesma opinião do líder do bloco
de oposição, José Carlos Aleluia
(PFL-BA): "Acabando com a remuneração da convocação extraordinária, o próprio prazo do
recesso se torna secundário".
Corte de ponto
A Justiça Federal determinou ao
Congresso que corte o pagamento
de parlamentares que tiverem se
ausentado das tarefas previstas na
convocação extraordinária.
A decisão do juiz substituto
Márcio José de Aguiar Barbosa,
da 20ª Vara Federal, concede liminar a uma ação popular proposta
pelo cidadão Pedro Eloi Soares.
Com isso, quem não foi a reuniões do Conselho de Ética e da
CPI dos Correios teriam desconto
proporcional no salário. A Câmara e o Senado estudam se vale a
pena recorrer. A assessoria de Aldo entende que há falhas na decisão, que na prática a torna inócua.
A liminar se baseia em descumprimento do "ato convocatório",
que, no entanto, isentava os parlamentares de comparecerem
quando o plenário estava fechado. Além disso, o fato de a liminar
ter sido dada por um juiz de primeira instância e não pelo STF
pode ser contestado, já que deputados possuem foro privilegiado.
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