São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

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Bancada irá apoiar tucano, afirma Serra

Candidato do PSDB reforça posição de FHC no partido, mas avaliação interna é que bancada não vai votar unida e só adiou sua divisão

Considerado, ao lado de Aécio, mentor da opção pelo petista Chinaglia, governador paulista diz ser favorável a Fruet


DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apontado como um dos articuladores do apoio do PSDB ao petista Arlindo Chinaglia (PT-SP), o governador de São Paulo, José Serra, admitiu ontem, logo após o lançamento da candidatura de Gustavo Fruet (PR) à presidência da Câmara, que o partido deverá fechar questão em favor do deputado tucano.
"Fruet é um deputado de primeiríssima qualidade. Com certeza, a bancada do PSDB deverá apoiá-lo", afirmou Serra, que negou interferência no processo de escolha. "Esse é um assunto da bancada, no qual eu não interfiro", disse.
A posição de Serra provocou um recuo de seu grupo dentro do PSDB e inviabiliza por ora a adesão pró-Chinaglia. É uma vitória interna do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que condenou a opção pelo petista. Mas o jogo continua.
A Folha apurou que a unidade da bancada tucana em torno de Fruet não deve se traduzir inteiramente em votos. A votação secreta facilita as defecções e há quem avalie no partido que Fruet irá apenas "marcar posição", isto é, que não tem chances nem de chegar ao segundo turno.
Jutahy Magalhães, o líder que na semana passada anunciou o apoio da bancada tucana ao petista, é um dos expoentes da ala serrista, mas tem muito bom trânsito na corrente comandada pelo governador Aécio Neves (MG). Aécio também trabalhou para Chinaglia.
Reservadamente, a atuação do líder, que deixa o cargo em fevereiro, foi considerada "atabalhoada" e "precipitada".
Ainda que deputados tucanos admitam a possibilidade de "traição" no dia da eleição (1º de fevereiro), todos devem referendar o nome de Fruet na reunião marcada de terça.
Uma decisão unânime agora em favor do deputado tucano é apontada pelos líderes do partido como a melhor maneira de evitar um "racha" ainda maior dentro da sigla, já que, dos 66 deputados do PSDB, apenas 34 teriam se manifestado pelo apoio ao petista Chinaglia.
"Agora existe um fato novo e relevante. O Gustavo Fruet é um companheiro queridíssimo e respeitado na nossa bancada", afirmou Jutahy.
A adesão à idéia ganhou força rápido. À noite, Fruet já havia conversado com quatro dos cinco governadores tucanos. Todos prometeram cooperar.
"Não dá para imaginar o PSDB optando por um candidato petista ou pelo próprio Aldo Rebelo [PC do B-SP] tendo um nome como o do Fruet na disputa", disse o deputado Silvio Torres, um dos artífices da candidatura do paranaense.
Caso se mostre viável, a candidatura Fruet terá grande chance de provocar um segundo turno entre Aldo e Chinaglia, o que, hoje, favorece o deputado do PC do B, teoricamente em desvantagem.

FHC
Na sexta-feira, FHC divulgou nota contrária ao apoio a Chinaglia, criticou a decisão do partido e abriu o caminho para a candidatura de terceira via.
A posição expôs uma distância entre os interesses do ex-presidente, preocupado em manter o PSDB na oposição intransigente, e os de Serra, em busca de diálogos pontuais com o Planalto e o PT.
Desde o final do ano passado, o próprio Fruet e os expoentes do chamado "Grupo dos 30" da Câmara têm mantido conversas regulares com o ex-presidente em torno dos assuntos relativos ao Congresso.
Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), que deve assumir a liderança do partido, disse que "foi um furacão." "Nem mesmo o Fruet estava imaginando que iria ser desta forma. Até então tinham dois candidatos e uma terceira via sem face. De repente o PSDB se depara com a face do Fruet", afirmou.


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