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Bancada irá apoiar tucano, afirma Serra
Candidato do PSDB reforça posição de FHC no partido, mas avaliação interna é
que bancada não vai votar unida e só adiou sua divisão
Considerado, ao lado de Aécio, mentor da opção pelo petista Chinaglia, governador paulista diz ser favorável a Fruet
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apontado como um dos articuladores do apoio do PSDB ao
petista Arlindo Chinaglia (PT-SP), o governador de São Paulo,
José Serra, admitiu ontem, logo após o lançamento da candidatura de Gustavo Fruet (PR) à
presidência da Câmara, que o
partido deverá fechar questão
em favor do deputado tucano.
"Fruet é um deputado de primeiríssima qualidade. Com
certeza, a bancada do PSDB deverá apoiá-lo", afirmou Serra,
que negou interferência no
processo de escolha. "Esse é um
assunto da bancada, no qual eu
não interfiro", disse.
A posição de Serra provocou
um recuo de seu grupo dentro
do PSDB e inviabiliza por ora a
adesão pró-Chinaglia. É uma
vitória interna do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que condenou a opção pelo
petista. Mas o jogo continua.
A Folha apurou que a unidade da bancada tucana em torno
de Fruet não deve se traduzir
inteiramente em votos. A votação secreta facilita as defecções
e há quem avalie no partido
que Fruet irá apenas "marcar
posição", isto é, que não tem
chances nem de chegar ao segundo turno.
Jutahy Magalhães, o líder
que na semana passada anunciou o apoio da bancada tucana
ao petista, é um dos expoentes
da ala serrista, mas tem muito
bom trânsito na corrente comandada pelo governador Aécio Neves (MG). Aécio também
trabalhou para Chinaglia.
Reservadamente, a atuação
do líder, que deixa o cargo em
fevereiro, foi considerada "atabalhoada" e "precipitada".
Ainda que deputados tucanos admitam a possibilidade de
"traição" no dia da eleição (1º
de fevereiro), todos devem referendar o nome de Fruet na
reunião marcada de terça.
Uma decisão unânime agora
em favor do deputado tucano é
apontada pelos líderes do partido como a melhor maneira de
evitar um "racha" ainda maior
dentro da sigla, já que, dos 66
deputados do PSDB, apenas 34
teriam se manifestado pelo
apoio ao petista Chinaglia.
"Agora existe um fato novo e
relevante. O Gustavo Fruet é
um companheiro queridíssimo
e respeitado na nossa bancada", afirmou Jutahy.
A adesão à idéia ganhou força
rápido. À noite, Fruet já havia
conversado com quatro dos
cinco governadores tucanos.
Todos prometeram cooperar.
"Não dá para imaginar o
PSDB optando por um candidato petista ou pelo próprio Aldo Rebelo [PC do B-SP] tendo
um nome como o do Fruet na
disputa", disse o deputado Silvio Torres, um dos artífices da
candidatura do paranaense.
Caso se mostre viável, a candidatura Fruet terá grande
chance de provocar um segundo turno entre Aldo e Chinaglia, o que, hoje, favorece o deputado do PC do B, teoricamente em desvantagem.
FHC
Na sexta-feira, FHC divulgou
nota contrária ao apoio a Chinaglia, criticou a decisão do
partido e abriu o caminho para
a candidatura de terceira via.
A posição expôs uma distância entre os interesses do ex-presidente, preocupado em
manter o PSDB na oposição intransigente, e os de Serra, em
busca de diálogos pontuais com
o Planalto e o PT.
Desde o final do ano passado,
o próprio Fruet e os expoentes
do chamado "Grupo dos 30" da
Câmara têm mantido conversas regulares com o ex-presidente em torno dos assuntos
relativos ao Congresso.
Antonio Carlos Pannunzio
(PSDB-SP), que deve assumir a
liderança do partido, disse que
"foi um furacão." "Nem mesmo
o Fruet estava imaginando que
iria ser desta forma. Até então
tinham dois candidatos e uma
terceira via sem face. De repente o PSDB se depara com a face
do Fruet", afirmou.
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