Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fruet quer correção de salários pela inflação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REDAÇÃO
Candidato da chamada "terceira via" à presidência da Câmara, o tucano Gustavo Fruet
(PR) afirmou ontem defender
um reajuste no salário dos parlamentares dos atuais R$ 12,8
mil para R$ 16,5 mil - a reposição da inflação no período, e
não os 91% de aumento, como
já pregaram seus adversários.
Fruet passou o dia em conversas com caciques do PSDB.
À noite, relatou à Folha o resultado das articulações: "Serra, Aécio, Yeda e Cássio são favoráveis à minha candidatura",
afirmou, após consultar os governadores tucanos. "O PSDB
vai ter que decidir se aceita
uma candidatura de dentro do
partido ou se vai apoiar o PT."
Abaixo os principais trechos
da entrevista.
FOLHA - A sua candidatura constrange ou tem o respaldo do PSDB?
GUSTAVO FRUET - Estamos buscando a unidade no PSDB. Essa
era a prioridade hoje. Falei com
o Jutahy [Júnior, líder do partido na Câmara], e ele foi generoso, disse que não fará nenhum
trabalho contra mim na bancada. O fundamental é que, para
dar competitividade à candidatura, é importante contar com
um partido grande. Oficialmente, o único partido que não
definiu apoio é o PSDB.
FOLHA - O sr. já conseguiu o compromisso de apoio dos governadores José Serra e Aécio Neves?
FRUET - Sim. Telefonei para o
Serra. Foi uma conversa rápida,
por causa da tragédia em São
Paulo [na obra da linha 4 do
metrô]. Ele me disse que não
tem nenhum acordo regional
[em troca do apoio a Chinaglia]
e que, inclusive, já deu entrevista declarando o apoio a
mim.
FOLHA -E o Aécio?
FRUET - Com o Aécio a conversa foi mais demorada. Ele volta
dos EUA antes da reunião da
bancada [dia 23] . Me disse que
vai trabalhar também junto a
deputados de outros partidos
[para conseguir votos].
FOLHA - Quem mais consultou?
FRUET - O Fernando Henrique,
Cassio Cunha Lima [governador da Paraíba], Lúcio Alcântara [ex-governador do Ceará].
Vou ainda falar com o Ottomar
Pinto [governador de Roraima]. Não consegui ainda falar
com o Tasso Jereissati [presidente do PSDB].
FOLHA - Mas o PSDB poderá trair o
sr. na votação em plenário.
FRUET - A bancada decide na
próxima terça-feira. O que pode acontecer é caminhar para
uma votação dentro da bancada para decidirmos a candidatura. Aí fico em paz com a minha consciência. Ou então pode
caminhar para um consenso.
FOLHA - Da bancada de 66 deputados, conta com quantos votos?
FRUET - Conto com a confiança
de que pode ser construída
uma maioria. O PSDB vai ter
que decidir se aceita uma candidatura de dentro do partido
ou se vai apoiar o PT. Isso tem
que ser enfrentado. É uma contradição que vai ter que enfrentar. Falo com todo o respeito.
FOLHA - Depois da CPI dos Correios
não terá votos do baixo clero.
FRUET - É isso que está em jogo,
paciência. Eu nunca apontei o
dedo para ninguém. Trabalhei
em cima de fatos. Minha candidatura tentará colocar em pauta temas que não estão colocados, como a necessidade de enfrentamento da vulnerabilidade da Câmara.
FOLHA - Sem o respaldo do PSDB, o
senhor admite recuar?
FRUET - Se o PSDB tomar essa
opção, é claro que o grupo volta
a definir, mas não estou fazendo isso em situação de confronto ou desrespeito, estou aceitando as regras do jogo.
FOLHA - Que salário o senhor considera justo para os deputados?
FRUET - Corrigir com a inflação
[Na prática, aumentar dos
atuais R$ 12,8 mil para R$ 16,5
mil].
FOLHA - Nesta campanha, há promessas em troca de apoio. O que o
senhor tem a oferecer?
FRUET - Fugir desse debate. O
óbvio não está sendo dito: se a
Câmara tiver agenda positiva,
todos ganham, podemos ter
discussões importantes como a
reforma tributária e a política.
Se entrarmos numa agenda negativa, falando com o nosso
umbigo sobre estrutura, todos
perdem, mesmo que tenham
ganho salarial.
(LETÍCIA SANDER, SÍLVIO NAVARRO E MALU DELGADO)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Frase Índice
|