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CONGRESSO
Presidente teria julgado "injusto" que pefelista o comparasse ao novo presidente do Senado, Jader Barbalho
FHC ameaça demitir ministros carlistas
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MARTA SALOMON
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Fernando Henrique Cardoso
ameaçou demitir os dois ministros indicados por Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA) e julgou "injusto" o pefelista compará-lo a Jader Barbalho (PMDB-PA), segundo o líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio.
Em entrevista à Folha, ACM
disse que FHC e Jader "são as
mesmas pessoas". O senador
baiano, que passou dez meses
chamando Jader de "ladrão", acusou o presidente de estar ciente de
que tem aliados suspeitos de corrupção em postos do governo.
"Apesar do respeito por ACM,
não posso crer que ele queira encurralar o presidente. Se quiser,
haverá uma ruptura que naturalmente levará os competentes ministros ligados a ele a deixar de colaborar com o governo", disse
Virgílio (PSDB-AM), escalado
por FHC para responder a ACM.
"Sei qual é a opinião do senador
Antonio Carlos a respeito do senador Jader Barbalho, que tem o
direito e o dever de se defender.
Por isso, não admito que ele compare o presidente da República ao
presidente do Congresso. A comparação é exagerada e injusta."
Na semana que vem, FHC deverá discutir com o presidente do
PFL, o senador Jorge Bornhausen
(SC), a situação dos ministros carlistas no governo.
ACM indicou Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) e Waldeck
Ornélas (Previdência Social). Os
dois são do PFL da Bahia.
O Planalto já contava com um
ataque pessoal de ACM a FHC depois de o pefelista ser o principal
perdedor na disputa pelas presidências da Câmara e do Senado.
O PFL, pela primeira vez no governo FHC, perdeu uma das Casas. Jader ganhou o Senado; Aécio
Neves (PSDB-MG), a Câmara.
FHC quer fazer uma reforma
ministerial, mas aguarda o fim do
conflito na base aliada para definir seu tamanho. Se optar por demitir um dos ministros pefelistas,
o escolhido deverá ser Tourinho.
Em reunião de manhã com seus
coordenadores políticos, FHC
chegou a planejar a divulgação de
uma nota dura contra ACM. Contrariado, disse que o senador ultrapassara todos os limites, mas
que não retaliaria de imediato.
No meio da tarde, FHC desistiu
da nota, para evitar dar mais ressonância às críticas e para não
acuar o senador. Teme-se que ele
cause ainda mais dano a FHC.
Acertou-se que os ministros que
se sentiram diretamente atingidos
pelos ataques divulgariam notas.
Eliseu Padilha (Transportes) e
Fernando Bezerra (Integração
Nacional) responderam. O ministro da Saúde, José Serra, ainda
prepararia sua resposta.
No encontro de FHC com seus
auxiliares, decidiu-se também
que o líder do governo, que tem
bom diálogo com ACM, responderia para dar caracterizar o ataque de ACM como efeito da derrota no Congresso.
Segundo Virgílio, as denúncias
de ACM a respeito de irregularidades em ministérios e órgãos sob
comando de peemedebistas "estão sendo investigadas no tempo
em que a democracia permite".
"Não estamos mais na ditadura,
não podemos ditar o tempo que a
Justiça e o Ministério Público têm
para cumprir suas funções constitucionais", disse Virgílio, em referência indireta ao fato de ACM ter
apoiado o regime militar.
A fim de enviar um recado ao
PMDB, que cobrava nos bastidores uma reação mais dura do presidente, como a demissão imediata de pelo menos um ministro de
ACM, Virgílio disse:
"O presidente vai aguardar o final das divergências na base de
apoio com paciência, como é de
seu estilo e como condiz com o tamanho de sua responsabilidade,
mas não aceitará a substituição de
ACM por outro ferrabrás (fanfarrão) que queira atacar o governo",
afirmou, em referência, também
indireta, a Jader e ao líder do
PMDB na Câmara, Geddel Vieira
Lima, que costumam engrossar a
voz em relação ao governo.
A Folha apurou que FHC deseja
mudar ministros do PMDB, mas
que ataques como os de ACM os
fortalecem nos cargos, pois pareceria que foram substituídos por
pressão do pefelista.
"O presidente é parlamentarista
porque sabe o poder do presidencialismo. Não terá constrangimento em substituir os ministros
que quiser e, se julgar conveniente, indicar o senador José Fogaça
(PMDB-RS) para um posto", declarou o líder do governo.
O recado foi dirigido aos peemedebistas que, nos bastidores,
rejeitam a eventual ida de Fogaça
para o ministério. O gaúcho, bem
visto por FHC, já foi cotado antes,
mas nunca ganhou um posto.
Virgílio manteve aberta a possibilidade de diálogo com ACM:
"Meu objetivo é congraçamento.
Sabemos reconhecer que ACM é
um aliado importante e peço que
um canal continue aberto. Não
desejo que feche as portas e se
transforme num adversário".
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