São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 2001

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JUSTIÇA

Oscar de Barros foi considerado culpado, na Flórida, sob a acusação de tentativa de lavar dinheiro do narcotráfico

Negociador de dossiê Caribe é condenado

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Um júri de West Palm Beach, na Flórida, considerou o empresário brasileiro Oscar de Barros culpado pela tentativa de lavar dinheiro do narcotráfico. Sua pena será divulgada em abril.
Barros é um dos principais suspeitos de ter criado e tentado vender para políticos o dossiê Caribe, um conjunto de documentos sugerindo a existência de contas e empresas no exterior do presidente Fernando Henrique Cardoso em sociedade com o resto da cúpula tucana, cuja veracidade nunca foi comprovada.
Barros também é investigado em Nova York num caso de corrupção de funcionários da Prefeitura de São Paulo pela MetroRED -uma companhia do grupo norte-americano Fidelity que instalou cabos de fibra ótica em São Paulo e no Rio de Janeiro.
O júri da Flórida considerou Barros culpado por unanimidade, com base em gravações feitas pelo FBI (a polícia federal dos EUA) em Miami e em Nova York. O conteúdo dessas gravações foi publicado pela Folha em 2000.
Apesar da condenação, o júri não considerou Barros culpado pela intenção de participar do tráfico de cocaína, crime do qual também era acusado.
O britânico Nigel Ramsay, que também teve suas conversas gravadas pelo FBI, foi condenado pelos dois crimes e poderá ter pena de até 20 anos de prisão, além de multa de US$ 500 mil.
Barros foi preso em março do ano passado e colocado em liberdade vigiada no último mês de dezembro. Desde então, só pode sair de seu apartamento, na luxuosa avenida Brickell, para ir ao escritório de seu advogado. Barros vai apelar em liberdade.
Os outros três implicados no mesmo processo -o norte-americano Richard Lacy e os brasileiros José Maria Teixeira Ferraz Jr. e James Deegan- foram excluídos do júri porque colaboraram com a promotoria. Além do envolvimento com o tráfico de drogas, Deegan e Ferraz também tentaram vender o dossiê Caribe.
O advogado de imigração Frank Ricci foi o principal informante do FBI na operação que prendeu Barros e Ferraz. Ricci, que já advogara para Barros e Ferraz em assuntos de vistos para brasileiros na Flórida, concordou em gravar conversas com os dois.
O advogado Ricci aceitou dar informações contra os dois brasileiros a fim de se livrar de uma pena maior em outros crimes. Antes de entregar Barros e Ferraz, Ricci já havia colaborado na prisão do norte-americano Richard Lacy e do britânico Nigel Ramsay.
Ferraz, que era associado de Barros em vários empreendimentos, continua na prisão federal de Miami, apesar do acordo fechado com o FBI. Ele é irmão de José Eduardo Teixeira Ferraz, um dos administradores da construtora Incal, empresa responsável pelo desvio de recursos da construção do novo fórum trabalhista em São Paulo. Ferraz também é primo do empresário Fábio Monteiro de Barros, dono da Incal.
As fitas gravadas pelo FBI mostram que Ferraz não apenas planejou remeter cocaína da Colômbia para os EUA como também tentou vender o dossiê Caribe para políticos e descreveu aspectos suspeitos da operação da companhia MetroRED em São Paulo.


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