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NOVA DIREÇÃO
Presidente da Câmara omitiu propriedades em João Alfredo, cidade natal; deputado não retornou ligações ontem
Severino não declarou imóveis e deve cheques
CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL A JOÃO ALFREDO (PE)
Responsável por um orçamento
de R$ 2,4 bilhões, o novo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), tropeça na administração das próprias contas. Segundo dados da Prefeitura de
João Alfredo e do cartório da cidade, Cavalcanti omitiu de sua declaração de renda de 2002 pelo
menos duas propriedades que
mantém no município onde nasceu: uma casa numa área de 1.100
m2 e um prédio que já abrigou a
Agroindustrial e Comercial Cavalcanti. Nos livros do cartório de
João Alfredo, as duas propriedades estão em nome do deputado.
Destinada à confecção de caixa
de jóias e, depois, à produção de
móveis, a empresa fechou há dez
anos. Segundo o registro de imóveis, as propriedades foram hipotecadas como garantias de empréstimos. Sem baixa nos livros.
Em julho de 2001, um ano antes
de Severino declarar não ter imóveis, a casa, por exemplo, foi oferecida como garantia num empréstimo de R$ 145.132,75 com o
Banco do Brasil. No documento
de confissão de dívida, Cavalcanti
e a mulher, Catarina Amélia, assumem um débito do filho, de R$
65 mil com a instituição, recebendo outros R$ 94.407,02.
Além do imóvel, uma camionete é apresentada como garantia.
Pelo contrato, o deputado e a mulher deveriam pagar prestações
mensais, sendo a primeira parcela
de R$ 1.757,81 no dia 10 de julho
de 2001 e a última, de R$ 2.946,78,
no dia 10 de agosto de 2004.
Essa operação aconteceu cinco
anos depois de a família contrair
um empréstimo de R$ 111.590,61
com o Banco do Brasil, segundo
cédula de crédito 95/00070-40, de
janeiro de 1996. A primeira hipoteca da propriedade, segundo o
registro de imóveis, foi em 1995.
Desde o ano passado, a casa conserva a propaganda de campanha
de seu filho, José Maurício, para a
prefeitura, derrotado pela pefelista Maria Sebastiana da Conceição.
O prédio da agroindustrial Cavalcanti, por sua vez, foi oferecido
em garantia para um empréstimo
de R$ 90.998,18 com o Bradesco.
A operação foi registrada no dia
18 de março de 1996.
Pelos dados da prefeitura -na
oposição a Severino desde 1997-
Cavalcanti não paga o IPTU da
casa pelo menos desde 1997.
Chamado ao gabinete do ministro José Dirceu (Casa Civil) na
noite de ontem, Severino não respondeu as perguntas feitas pela
reportagem durante a tarde.
Sem fundo
O atual presidente da Câmara
de João Alfredo, José Martins
(PTB), usou uma música de Bezerra da Silva para atacar o filho
de Severino na eleição passada:
"O rei do cheque sem fundo".
Martins lembra ter exibido em
praça pública um cheque apresentado pelo comerciante Manoel
Moura. O cheque, 00892, do Banco do Brasil (agência Câmara dos
Deputados), é de R$ 15 mil e tem
data de 31 de maio de 2002.
Foi apresentado e devolvido nos
dias 10 e 12 de junho. O comerciante disse à Folha que o cheque
seria usado para quitar um empréstimo do deputado com ele,
contraído durante uma campanha eleitoral para a Câmara. Em
2002, o deputado teria entregue
dois cheques de R$ 15 mil cada
um. Um foi usado para pagar dívida com fornecedor. No ano passado, José Maurício teria proposto um parcelamento da dívida,
perfazendo R$ 33 mil. Pagou R$
17 mil, levando um cheque que
ainda não tinha apresentado.
Os irmãos Manoel e Maviael de
Lima Campos guardam dois cheques assinados pelo deputado em
1996, de R$ 12 mil cada um. Os
cheques são da agência Congresso, da Caixa Econômica Federal.
Segundo Maviael, foram repassados por um cliente para a compra
de um carro. Mas, estranhamente, nunca apresentaram os cheques. Segundo Maviael, foi a pedido do deputado.
Colaborou FÁBIO GUIBU da Agência Folha, em Recife
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