|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ex-presidente do BC critica atual gestão
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão de tentar fazer a inflação em 2005 ficar muito próxima
à meta perseguida pelo Banco
Central, de 5,1%, foi "penosa" para o país. O BC poderia ter sido
mais flexível, usando a banda de
variação permitida pelo sistema
de metas, disse ontem o ex-presidente do BC Armínio Fraga, em
crítica velada à atuação da atual
diretoria da instituição.
Ele e Ilan Goldfajn, diretor de
Política Econômica quando Fraga
estava à frente do Banco Central,
participaram ontem do debate organizado pelo Instituto Teotônio
Vilela e pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial). Ambos disseram que
o país está prestes a colher os frutos da adoção do regime de metas
de inflação, principalmente agora
que a taxa parece convergir para
patamares próximos de 5%.
"Neste último ano, foi penoso
perseguir os 5,1%", disse Fraga ao
ser questionado sobre o impacto
do aperto monetário sobre a economia -quando o BC eleva os
juros para combater a inflação, ele
reduz o nível de atividade, levando a um crescimento menor. Ele
disse ainda que, agora que a inflação parece estar convergindo para cerca de 4,5% ao ano, será
"possível voltar à direção original
de utilizar com transparência esse
tipo de espaço", referindo-se à
possibilidade de o BC permitir
que a inflação seja um pouco
maior que a meta caso combatê-la
signifique sacrificar demasiadamente o crescimento.
Tanto o ex-presidente do BC como Goldfajn dedicaram parte importante de sua exposição defendendo o sistema de metas. Também participaram do debate os
economistas Julio Gomes de Almeida (Iedi), Ibrahim Eris, também ex-presidente do BC, Joaquim Elói Cirne de Toledo, vice-presidente da Nossa Caixa e professor da USP, e Yoshiaki Nakano, da Fundação Getulio Vargas.
Eris arrancou aplausos dos empresários que participavam do
debate justamente criticando a
maneira como o BC tem conduzido a política monetária, tanto na
gestão de Fraga como na de Henrique Meirelles. "Nós estamos utilizando o sistema de metas de
uma maneira muito rígida e errada", disse. Para o economista, o
governo poderia ter adotado metas de inflação menos ambiciosas
e, com isso, ter poupado o crescimento econômico, reduzindo
mais os juros.
Apesar das divergências aqui e
acolá, todos os economistas, sem
exceção, concordaram em um
ponto. O governo brasileiro, disseram, precisa fazer uma profunda reforma fiscal, cortando e realocando gastos, para permitir que
o país cresça a taxas maiores a
partir de agora. Todos consideram o aumento de gastos públicos
uma barreira à estabilidade econômica brasileira.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: PMDB governista pede a Lula ação pró-Rigotto Índice
|