Critério de antigüidade serviu para a escolha dos chefes de Marinha, Exército e Aeronáutica

Tenente-brigadeiro Juniti Saito assume a Aeronáutica; almirante-de-esquadra Júlio de Moura Neto, a Marinha, e general Enzo Peri, o Exército

EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião ontem com o ministro da Defesa, Waldir Pires, e os comandantes das Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu os nomes do novos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
O presidente utilizou o critério de antigüidade no serviço ativo para definir os novos comandantes militares, que têm reunião agendada com Lula já para a próxima quarta-feira. Seus nomes devem ser anunciados oficialmente logo após a conversa com o petista, prevista para acontecer no Planalto.
Ontem, fontes militares e do governo federal confirmaram à Folha a definição pela troca dos comandantes e pelos nomes, que, em princípio, estarão livres da pressão por reajustes salariais da categoria acertados ao longo do primeiro mandato do governo Lula.
No Exército, no lugar de Francisco Roberto de Albuquerque, assume o general Enzo Martins Peri, atual chefe do Departamento de Engenharia e Construção.
Albuquerque sofreu desgaste em março do ano passado, quando a Comissão de Ética Pública da Presidência reconheceu que o militar obteve "tratamento privilegiado" ao conseguir embarcar num vôo comercial da TAM no aeroporto de Viracopos após o procedimento de entrada de passageiros ter sido encerrado.
Em seu novo posto, Peri terá entre as principais funções o gerenciamento da tropas brasileiras da missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti e o monitoramento em torno do uso da Força em eventuais ações de controle da segurança pública, em cidades como o Rio de Janeiro e Vitória.
Entre os militares, porém, a preferência era pelo general Renato César Tibau da Costa, que já comandou a Brigada de Pára-Quedistas no Rio. Internamente, o novo comandante é visto como um general de carreira estritamente técnica.

Acidentes
Na Aeronáutica, em meio à crise com os controladores de vôo, o tenente-brigadeiro Juniti Saito assumirá a vaga de Luiz Carlos da Silva Bueno. Piloto de caça, Saito é o atual chefe do Estado-Maior da Aeronáutica.
Bueno, que deixa o cargo, enfrentou uma das fases mais duras de toda a história da FAB, com a explosão do VLS (Veículo Lançador de Satélites), em 2003; o acidente do Boeing da Gol, o maior da aviação brasileira, no ano passado; e uma operação-padrão dos controladores de vôo que deixou os aeroportos de pernas para o ar e ainda traz conseqüências.
Entre os controladores, segundo a Folha apurou, é uma incógnita qual será a postura de Saito frente ao problema dos atrasos de vôos e da falta de controladores no país.
Já na Marinha o novo comandante será o almirante-de-esquadra Julio Soares de Moura Neto, atual chefe do Estado-Maior da Armada.
Moura Neto, comandante de Operações Navais até o final do ano passado, assume no lugar de Roberto Guimarães Carvalho. A Marinha aguardava a nomeação de Euclides Janot Matos, mas o almirante entrou compulsoriamente na reserva da Força.


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