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PT teme perder 1.200 cargos com reforma
Postos de livre nomeação são controlados por quatro ministérios que podem ser tirados da legenda na dança de cadeiras na Esplanada
Perda pode ser ainda maior considerando sinalização de que Lula permitirá a siglas aliadas preencher todos os cargos de suas pastas
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT pode perder mais de
1.200 cargos na reforma ministerial que se avizinha, o que dá
uma boa medida do grau de ansiedade dos dirigentes petistas
pela manutenção dos seus postos de primeiro escalão.
Quatro pastas comandadas
hoje pelo partido e que podem
ser entregues a aliados (Defesa,
Pesca, Previdência e Relações
Institucionais) controlam
1.264 cargos comissionados,
que são preenchidos por nomeação, sem concurso público.
Em toda a Esplanada dos Ministérios, existem 19.802 cargos desse tipo. Seus salários variam de R$ 1.232 a R$ 7.595 e
podem ser preenchidos a critério de cada ministro. Em muitos casos, o cargo de DAS (Direção e Assessoramento Superiores) é usado para acomodar indicados políticos de diferentes
partidos e Estados.
A disputa entre os partidos se
concentra em abocanhar o "filé
mignon" desses cargos, 3.884
postos com salários a partir de
R$ 4.898 e auxílio-moradia
próximo a R$ 1.800.
"Porteira fechada"
A reforma ministerial deve
marcar uma mudança em relação ao primeiro mandato. Nas
últimas conversas sobre a troca
de ministros, Lula tem sido cobrado por líderes de partidos
aliados a negociar "verticalmente" os ministérios. Ou seja,
entregar a pasta com a liberdade de o novo ministro preencher todos os cargos.
No primeiro mandato, os petistas mantiveram postos-chaves em quase todas as pastas,
mesmo nas que foram entregues aos aliados.
Um exemplo da mudança
vem do PP, que diz ter recebido
de Lula a promessa de manter o
Ministério das Cidades com o
partido, mas desta vez com o
poder para mexer em todas as
secretarias e direções. Dos 205
cargos em comissão da pasta,
metade permanece sob o controle de petistas indicados pelo
ex-ministro Olívio Dutra.
Mas não são apenas os cargos
diretamente disponíveis aos
ministros que atraem a preocupação dos partidos. A legenda
que controlar o Ministério do
Desenvolvimento Agrário contará com os 321 cargos da pasta
e outros 690 do Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária), autarquia subordinada ao ministério.
Atualmente, dos 34 ministros, 16 são petistas. Sem contar
as autarquias, eles controlam
6.837 cargos. Segundo o PT, porém, apenas 877 filiados do partido contribuem mensalmente
com parte de seus salários.
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