São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Daqui eu não saio

Durante meses, defensores do apoio à reeleição de Gilberto Kassab (DEM) repetiram que a eventual candidatura de Geraldo Alckmin obrigaria os tucanos a deixar seus cargos na administração paulistana -nada menos que 15 das 23 secretarias e 22 das 31 subprefeituras, sem contar os postos inferiores.
Agora, diante do acúmulo de sinais de que Alckmin não pretende recuar, o discurso mudou. Tucanos da equipe de Kassab dizem não ver motivo para saltar do barco. "Tocamos um projeto que é do PSDB", afirma um secretário. "A menos que o prefeito queira, não há por que sair." Em qualquer cenário, Alckmin terá dificuldade de falar mal da atual gestão, iniciada por José Serra. Se seus correligionários permanecerem onde estão, ficará praticamente impedido de atacá-la.

Sinuca. Não bastasse o impedimento em relação a Kassab, Alckmin tampouco poderá falar mal de Marta Suplicy. Se o fizer, ajudará o prefeito.

Vacina. A petista acaba de obter uma vitória que adoçará sua campanha: o Supremo arquivou representação do PDT que a acusava de deixar rombo nas contas de São Paulo. O problema havia sido apontado por Serra, seu sucessor, e usado para suspender pagamentos a fornecedores.

Inconfidência. Um senador governista analisa o experimento eleitoral em Belo Horizonte, onde o governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT) ensaiam o lançamento de um candidato conjunto: "Em Minas, o último que fez oposição morreu enforcado".

Barreira. Líder folgado em Curitiba, Beto Richa (PSDB) prepara defesa judicial de sua candidatura. Antes de ser eleito, em 2004, ocupava a vaga de vice -e, nessa condição, chegou a assumir o comando da cidade. Na primeira consulta feita por adversários, o TSE afirmou que reeleição, em casos assim, está proibida.

Resistência. A escolha de João da Costa, secretário do prefeito João Paulo, para a disputa em Recife tem dado trabalho ao PT local. Aliados da sigla questionam sua viabilidade eleitoral. Mesmo com o anúncio da pré-candidatura, parceiros tradicionais, como o PC do B, mantêm a disposição de lançar nome próprio.

Palanque. Para o tucano Carlos Sampaio (PSDB-SP), a notoriedade adquirida com a autoria do requerimento da CPI dos Cartões Corporativos servirá como plataforma de lançamento de sua candidatura à Prefeitura de Campinas.

Básico. O primeiro requerimento a ser apresentado por Sampaio pedirá ao governo os nomes dos cerca de 11 mil servidores que têm cartão corporativo e a lista de seus gastos.

Piada. Em razão do volumoso bigode, que lhe confere semelhança com o humorista inglês Sacha Cohen, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), indicado pelo PT para relatar a CPI dos Cartões, ganhou dos colegas o apelido de "Borat".

De olho. O governo paulista pretende limitar a utilização de seus cartões de despesas -e do dinheiro de saques feitos com eles- a estabelecimentos que já tenham o sistema de nota fiscal eletrônica. A idéia é auditar rapidamente os gastos para evitar fraudes.

Que fase! O súbito empenho de Arlindo Chinaglia para conter a edição de MPs é sintoma do descontentamento do presidente da Câmara, que levou um chega-pra-lá na composição da nova Executiva do PT, está sem cargos no governo e viu sua pré-candidatura em São Paulo morrer com a disposição de Marta Suplicy de entrar na disputa.

Lobby pesado. Comércio e indústria pressionam pela derrubada da MP que proíbe a venda de bebidas alcoólicas em rodovias. Um senador terá audiência com Tarso Genro (Justiça) para listar casos em que 90% dos estabelecimentos locais seriam atingidos.

Tiroteio

"Não existe almoço grátis. Essa é uma regra cara aos dirigentes do PT, que, uma vez no governo, pagam a conta com seus cartões corporativos."


Do deputado federal JÚLIO DELGADO (PSB-MG) sobre a explicação de Leontino Pereira de Souza para o fato de ser tesoureiro do PT de Tocantins e, na condição de funcionário do governo, portar cartão corporativo: "Aproveito a hora do almoço para pagar as contas do PT".

Contraponto

Homem do saco

Autor do requerimento da CPI dos cartões, Carlos Sampaio roubou a cena na cerimônia de posse do correligionário José Anibal, novo líder do PSDB na Câmara. Assediado pela imprensa, "Carlão", como é chamado, ouvia elogios dos colegas pelo esforço em prol da investigação.
Foi uma espécie de desagravo a Sampaio, que recebera críticas de tucanos do Senado por ter negociado com o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), os termos da CPI. Ao final, o deputado pediu a palavra:
-Obrigado. Mas dou um conselho a vocês, a seus amigos e familiares: evitem passar num raio de cem metros do gabinete do Romero. Foi o maior erro da minha vida!


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