São Paulo, Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 1999
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PAINEL

Chamaram o bispo

Stefan Salej, presidente da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas), conversou com d. Serafim Fernandes de Araújo, cardeal-arcebispo de Belo Horizonte, que aceitou intermediar a crise entre FHC e Itamar. O problema vai ser convencer Itamar a receber ajuda.

Pela cúpula e pela base

Dom Serafim e Salej vão procurar Itamar e tentar dois caminhos: 1) interlocução entre FHC e o governador, que radicalizaram suas posições de não ceder; 2) retomar pelo menos o contato técnico entre as equipes do Ministério da Fazenda e da Secretaria da Fazenda de Minas.

Missão difícil

""D. Serafim, empresários e a OAB de Minas Gerais vão formar uma comissão de notáveis para tentar terminar com uma briga que não traz ganho nenhum à população", diz Stefan Salej, que tem bom trânsito no Planalto.

Bola preta

A previsão sobre o que aguarda Armínio Fraga (BC) na sabatina no Senado não é nada otimista. Espera-se forte contestação da oposição. E o boato espalhado pelo economista Paul Krugman (MIT) de que Soros (ex-chefe de Fraga) teria ganho dinheiro com informação privilegiada deve pôr mais lenha na fogueira.

Crise econômica...

Já é oficial: neste ano, 19 partidos terão direito a veicular 163 programas gratuitos em cadeias de rádio e TV. É como se daqui até o final do ano tivesse propaganda política dia sim, dia não. Eles vão ao ar entre 19h30 e 22h em programas de 20 minutos e inserções de 30 e 60 segundos.

...vai dar o tom

No próximo dia 25, é a estréia: o PTN (Partido Trabalhista Nacional) terá 2 minutos em cadeia nacional. O PSC (Partido Social Cristão) encerrará a temporada de 99 com 2 minutos na TV e no rádio na antevéspera do Natal.

Saída pela direita

O governo deixou a cargo de Andrea Calabi, presidente do Banco do Brasil, a missão de elaborar um programa de incentivo às exportações baseado num sistema de "hedge" (seguro) para os exportadores. Deve sair logo.

Pressão invisível

A avaliação de entidades empresariais sobre a condução da economia é pessimista. Publicamente, mantêm a confiança no governo, mas, nos bastidores, baterão na tecla de que mais dois meses de juros altos aumentarão a quebradeira e o desemprego.

Amigo comum

Observadores baianos contam que, após quatro anos de convivência delicada, Ruth Cardoso e ACM alcançaram ao menos um ponto de vista em comum: a profunda admiração por Clóvis Carvalho. Ambos acham que o ministro já cumpriu sua missão.

Verba vigiada

O Banco Mundial acompanha de perto a licitação para a construção do metrô de Salvador, que conta com financiamento do órgão. A desclassificação de algumas empreiteiras internacionais fez o banco ficar de olho grudado na concorrência.

Geografia humana

Maior vitrine da moda de seios grandes, o Sambódromo carioca foi invadido este ano pelas alegorias de vários cirurgiões plásticos. Ao ponto de merecer um novo apelido: Silicon Valley.

Os órfãos do real

Em queda desde o início dos anos 80, o número de nascimentos na cidade de São Paulo registrou aumentos consecutivos em 96 e 97. São os filhos do real: nasceram na estabilidade econômica, mas vão crescer na crise.

Boa iniciativa

O Inca (Instituto Nacional do Câncer), banco nacional com doadores de medula óssea, inaugura em 2 de março um centro exclusivo para crianças e adolescentes. A decoração, colorida, ameniza a frieza tradicional dos hospitais. O Inca fica no Rio.

A guerra já começou

Jilmar Tatto, deputado estadual do PT paulista mais votado na capital, está em campanha aberta para ser o candidato a vice na chapa de Marta Suplicy na disputa pela prefeitura em 2000.
TIROTEIO

De Emmanuel Sobral, 1º diretor-secretário da Fiesp, sobre a possibilidade de o Executivo e o Legislativo conseguirem realizar um ajuste fiscal definitivo em 99:
- Se a economia piorar ainda mais, creio que o ajuste sairá, mas, se der uma refrescada, temo que não aconteça, como tem sido a tradição.

CONTRAPONTO

Inquérito divino

O advogado criminalista Cláudio De Luna conta uma história que jura que não é piada, mas fato verídico que teria acontecido em Muzambinho, Minas.
Na igreja, havia uma imagem de São Benedito que ganhou fama de dar graças. O garoto Ditinho, xará do santo, ajoelhou-se e pediu, de olhos fechados:
- São Benedito, por favor, me ajude a arrumar 100 mil réis para comprar uma caixa de engraxate. É pra ajudar em casa.
Um sargento da PM, que acabara de chegar, viu a cena e ficou comovido. Jogou o dinheiro na frente do menino, sem que ele percebesse.
Meses depois, quando engraxava os sapatos, o sargento perguntou ao menino se ele já havia pago São Benedito. Ditinho disse que ainda não, mas prometeu que não passaria daquele dia.
Mais tarde, na igreja, disse:
- Ô santo, me desculpe. Sei que tô atrasado, mas também não precisava dar parte na delegacia. Tá aqui o dinheiro!


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