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PT X PT
Movimento que pede mudanças na política econômica existe desde o final do ano passado e já conta com 63 deputados
Frente contra Palocci recebe adesões entre petistas moderados
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Deputados petistas ajudaram a
organizar uma "frente parlamentar e social" que defende a redução dos juros, o abrandamento do
controle de gastos públicos e uma
"solução urgente" para a dívida
pública.
Dos 63 deputados que já aderiram à frente, 16 são do PT, entre
os quais o líder da bancada, Arlindo Chinaglia (SP), e o hoje ministro Patrus Ananias (Combate à
Fome) -que aderiu quando era
deputado. Outros 30 são dos demais partidos aliados ao Palácio
do Planalto. A entidade, que reúne ainda associações de classe e da
sociedade civil, é presidida pela
petista Doutora Clair (PR).
Criada sem alarde no final do
ano passado, a frente atraiu nomes da ala moderada do PT e começa a se movimentar com mais
desenvoltura agora, quando a política conduzida pelo ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda) é
alvo de ataques crescentes da base
governista.
Ontem, a frente promoveu na
Câmara um seminário em defesa
do controle de capitais -tese historicamente cara ao PT e deixada
de lado pelo governo Luiz Inácio
Lula da Silva- com a participação dos economistas Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp, e João
Sicsú, da UFRJ.
Todo o evento parecia um ato
da oposição; mais exatamente,
dos tempos do PT na oposição.
Doutora Clair, no centro da mesa,
pedia adesões à frente e pregava o
fim "da ciranda [financeira] que
estamos vivendo". Folhetos distribuídos à platéia anunciavam
que, no próximo dia 21, 15 deputados petistas promoverão em
São Paulo um seminário intitulado "Queremos um outro Brasil!",
no qual pretendem fazer um balanço das políticas econômica e
social do governo Lula. Os participantes do seminário deverão reforçar o coro por mudanças na
política de Palocci.
Retórica tradicional
A tradicional retórica petista está presente também no site da
frente (www.dividapublica.ubbi.com.br), quando se aponta a
redução dos gastos sociais em nome das metas de superávit primário -a economia de receitas destinada a pagar juros da dívida.
"A dívida pública precisa de solução urgente, começando pela
redução do superávit primário e
da taxa básica de juros, para que
possamos finalmente retomar o
desenvolvimento e resgatar a
enorme dívida social", prega um
dos textos.
Não há uma defesa explícita da
moratória da dívida, mas chega-se perto: "Desde o início da década de 80, quando os credores internacionais aumentaram, de forma unilateral e ilegal, as taxas de
juros que pagávamos a eles, o país
vive uma ciranda sem fim: a do
corte de gastos sociais para o pagamento da dívida".
Colaborou VIRGÍLIO ABRANCHES, da
Reportagem Local
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