São Paulo, quarta-feira, 17 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT X PT

Movimento que pede mudanças na política econômica existe desde o final do ano passado e já conta com 63 deputados

Frente contra Palocci recebe adesões entre petistas moderados

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputados petistas ajudaram a organizar uma "frente parlamentar e social" que defende a redução dos juros, o abrandamento do controle de gastos públicos e uma "solução urgente" para a dívida pública.
Dos 63 deputados que já aderiram à frente, 16 são do PT, entre os quais o líder da bancada, Arlindo Chinaglia (SP), e o hoje ministro Patrus Ananias (Combate à Fome) -que aderiu quando era deputado. Outros 30 são dos demais partidos aliados ao Palácio do Planalto. A entidade, que reúne ainda associações de classe e da sociedade civil, é presidida pela petista Doutora Clair (PR).
Criada sem alarde no final do ano passado, a frente atraiu nomes da ala moderada do PT e começa a se movimentar com mais desenvoltura agora, quando a política conduzida pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) é alvo de ataques crescentes da base governista.
Ontem, a frente promoveu na Câmara um seminário em defesa do controle de capitais -tese historicamente cara ao PT e deixada de lado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva- com a participação dos economistas Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp, e João Sicsú, da UFRJ.
Todo o evento parecia um ato da oposição; mais exatamente, dos tempos do PT na oposição. Doutora Clair, no centro da mesa, pedia adesões à frente e pregava o fim "da ciranda [financeira] que estamos vivendo". Folhetos distribuídos à platéia anunciavam que, no próximo dia 21, 15 deputados petistas promoverão em São Paulo um seminário intitulado "Queremos um outro Brasil!", no qual pretendem fazer um balanço das políticas econômica e social do governo Lula. Os participantes do seminário deverão reforçar o coro por mudanças na política de Palocci.

Retórica tradicional
A tradicional retórica petista está presente também no site da frente (www.dividapublica.ubbi.com.br), quando se aponta a redução dos gastos sociais em nome das metas de superávit primário -a economia de receitas destinada a pagar juros da dívida.
"A dívida pública precisa de solução urgente, começando pela redução do superávit primário e da taxa básica de juros, para que possamos finalmente retomar o desenvolvimento e resgatar a enorme dívida social", prega um dos textos.
Não há uma defesa explícita da moratória da dívida, mas chega-se perto: "Desde o início da década de 80, quando os credores internacionais aumentaram, de forma unilateral e ilegal, as taxas de juros que pagávamos a eles, o país vive uma ciranda sem fim: a do corte de gastos sociais para o pagamento da dívida".


Colaborou VIRGÍLIO ABRANCHES, da Reportagem Local


Texto Anterior: Justiça eleitoral: Deputados do Prona se livram de cassação
Próximo Texto: Prefeito do PT faz cobranças ao presidente
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.