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MARCELO CRIVELLA
"Vou criar uma zona franca social com a redução de impostos para gerar empregos"
FOLHA - Como senador do PRB, o
sr. conseguiu liberar mais verbas de
suas emendas do Rio do que a maioria dos parlamentares petistas do
Estado. O sr. é o candidato do Lula
no Rio?
MARCELO CRIVELLA - Espero poder
ser, mas consegui liberar recursos para minhas emendas em
razão da sintonia que mantenho com os projetos do governo.
FOLHA - Nas suas últimas derrotas,
em 2004 na disputa pela prefeitura
e em 2006 pelo governo do Estado,
o sr. foi rejeitado pelas áreas mais ricas da cidade. Como mudar isso?
CRIVELLA - Grandes líderes nacionais e mundiais foram derrotados. E os derrotados aprendem com o suplício que o povo
lhes impõe. Minha candidatura
será da paz, para distensionar a
cidade. Meu discurso para a zona sul será o de que a melhoria
da sua qualidade de vida depende da melhoria nas comunidades carentes. Vou criar a zona
franca social -com redução de
impostos para criar empregos a
partir das demandas da prefeitura. Podemos dar emprego na
fabricação de uniformes de
crianças das escolas municipais
e nas roupas de cama para unidades hospitalares.
FOLHA - As obras do PAC, que serão
bandeiras de sua campanha, não
podem ser vistas mais como marketing do que como solução para comunidades carentes?
CRIVELLA - As obras prevêem levar para o morro o que existe
no asfalto: biblioteca, transportes, saúde.
FOLHA - Qual seu posicionamento
sobre pesquisas com células-tronco,
aborto, descriminação das drogas,
legalização da prostituição e união
de pessoas do mesmo sexo?
CRIVELLA - Sou a favor das pesquisas com células-tronco. Não
há na Bíblia qualquer proibição. O aborto é do ponto de vista da criança um fim sem começo, do ponto de vista da mulher
o começo de uma dor sem fim.
Droga tem de ser combatida.
Prostituição é uma das profissões mais antigas, mas que espero que seja erradicada um
dia. Na acho que a homossexualidade seja natural.
FOLHA - O sr. é aguerrido opositor
da lei contra a homofobia.
CRIVELLA - A lei cria uma censura porque não permite opinião
contrária ao homossexualismo.
Torna crime por supostamente
incitar à violência o pai que pretende ensinar ao filho que isso
não é natural. Fere as garantias
individuais da Constituição. É a
instalação da ditadura gay.
FOLHA - O sr. apresentou projeto
que aumenta a pena contra jornalistas em casos de calúnia e difamação. Vou propor ao sr. o dilema a que
se refere Thomas Jefferson, um dos
pais da democracia americana: é
melhor um governo sem imprensa
ou a imprensa sem governo?
CRIVELLA - Qualquer poder é arrogante. Imprensa é fundamental. Não sou contra a imprensa, sou contra a infâmia. O
projeto pune quem publicar
documentos sem autenticidade; as pessoas citadas têm de
ser ouvidas. Não é para intimidação, mas para preservar o
que a imprensa tem de mais sagrado, a credibilidade.
FOLHA - Mais de 70 fiéis da Igreja Universal, de cidades do Acre ao Rio Grande do Sul, entraram com ações judiciais
contra a Folha -em razão de reportagem sobre a expansão empresarial da
igreja- repetindo expressões literais
em documentos. Não é um sinal de orquestração e de tentativa de intimidação?
CRIVELLA - Posso garantir que
não houve orquestração. Você
não vai acreditar, mas não houve. Os evangélicos são pessoas
muito caseiras e ficam muito
tempo no computador. Quando
um faz uma ação, ela circula. As
petições são copiadas como foram as que fizemos para tirar
dinheiro bloqueado no Plano
Collor. Fiz um apelo público
para que todas as ações sejam
reunidas numa só, permitindo
um julgamento único. Compreendo o direito de os fiéis entrarem com as ações, mas acho
que elas têm de ser reunidas.
Não há interesse paralelo na
Igreja Universal.
FOLHA - O sr. busca se dissociar da Universal, mas...
CRIVELLA - [interrompendo]
Sou senador, freqüento a Universal todo domingo, fui missionário na África dez anos.
Quem me associa à Universal é
a Folha, que não me chama de
senador Crivella e sim de bispo
Crivella. Não acho que política
se mistura com religião.
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