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"Não tem mais conversa", afirma ACM Júnior sobre briga com irmã
Teresa foi à Justiça contra viúva e irmãos; procurada pela Folha, não foi localizada
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
A decisão de Teresa Magalhães Mata Pires, filha de ACM,
de entrar na Justiça contra a família irritou profundamente o
"outro lado" do clã Magalhães.
"Agora não tem mais conversa.
Vamos para o pau", disse na
sexta-feira ACM Júnior.
A disputa pelo espólio do senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) rachou a família e promete muitas batalhas jurídicas.
De um lado estão a viúva Arlette Magalhães, o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior
(DEM-BA) e familiares do ex-deputado Luís Eduardo Magalhães, morto em abril de 1998;
do outro, Teresa Helena Magalhães Mata Pires, filha de ACM,
e seu marido, o empresário César Mata Pires, principal acionista da OAS, uma das maiores
construtoras do país.
Segundo ACM Júnior, César
Mata Pires é o mentor do litígio
familiar. "Ele não está brigando
por dinheiro, até porque tem
muito. Ele quer poder, quer ter
o poder que o meu pai teve sem
ser político."
A Folha deixou recado, na
sexta, no escritório de André
Barachísio Lisboa, advogado do
casal Mata Pires, e nos escritórios da OAS em Salvador e em
São Paulo. No domingo, a reportagem voltou a ligar nos
três locais. Ninguém atendeu.
O casal também não foi encontrado em sua casa em Salvador
na sexta e no fim de semana.
ACM Júnior e Luís Eduardo
Magalhães Filho doaram para a
viúva de ACM suas participações nos objetos e obras de arte. "Esse gesto é para demonstrar que ninguém escondeu nada", afirmou ACM Júnior.
Ele reconhece que o pai deixou "obras muito valiosas".
"Na casa de minha mãe há peças sacras do período barroco,
quadros de Cândido Portinari e
Di Cavalcanti, objetos de prata
e cerâmica."
Em nota publicada na quinta-feira em jornais da Bahia, o
advogado de Teresa e César
Mata Pires, André Barachísio
Lisboa, disse que alguns bens
haviam desaparecido.
Na semana passada, ACM
Júnior e Luís Eduardo Magalhães Filho entraram na Justiça com uma ação de calúnia, difamação e injúria contra Teresa Mata Pires. "Faz tempo que
não converso com a minha irmã, e o diálogo acabou. Não temo a briga jurídica até porque,
com exceção dela [Teresa], a
minha família está unida", disse o senador.
No centro da contenda está
um patrimônio de cerca de R$
30 milhões (imóveis, ações e
objetos de arte deixados por
ACM) e a disputa pelo comando da Rede Bahia -conglomerado com seis emissoras de TV
aberta (todas afiliadas à Globo), uma televisão local, três
emissoras de rádio, um portal
de internet e uma empresa de
entretenimento-, que faturou
cerca de R$ 240 milhões no
ano passado. A Rede Bahia não
está no inventário de ACM.
No começo deste mês, Teresa Mata Pires entrou na Justiça
com uma ação pedindo o arrolamento dos bens e das obras
de arte deixados pelo pai. A juíza Fabiana Andréa Almeida
Oliveira Pellegrino, da 14ª Vara
de Família, concedeu a liminar
e dois oficiais de Justiça, acompanhados por oito militares,
entraram na cobertura da viúva do senador, em Salvador.
A juíza, que concedeu a liminar com menos de 72 horas
após receber a petição, é casada
com o deputado federal Nelson
Pellegrino (PT), inimigo político dos Magalhães.
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