|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula faz "críticas desmedidas" à imprensa, afirma entidade
SIP compara comportamento do presidente brasileiro ao do colega Hugo Chávez
Relatório vê dificuldade de Lula em aceitar trabalho da mídia e aponta piora na liberdade de imprensa na AL; Planalto não comenta
DA REPORTAGEM LOCAL
Em relatório divulgado ontem no Paraguai, a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz
"críticas desmedidas" aos
meios de comunicação.
O Palácio do Planalto não comentou oficialmente o documento, no qual o comportamento de Lula em relação à imprensa é comparado ao do colega venezuelano Hugo Chávez.
"O presidente brasileiro
sempre ataca a imprensa e lança críticas desmedidas quando
o enfoque do noticiário ou de
um comentário não lhe agrada", diz o relatório sobre liberdade de expressão no Brasil.
A SIP, organização sem fins
lucrativos que reúne empresários e editores de meios de comunicação da América, menciona a recente entrevista de
Lula à revista "Piauí", na qual
"chegou a dizer que a leitura
dos jornais lhe causa azia".
Um dos casos mais polêmicos ocorreu em 2004, quando o
jornalista Larry Rohter, correspondente do "New York Times", publicou reportagem sugerindo que havia "preocupação nacional" com supostos excessos do presidente no consumo de bebida alcoólica.
Lula determinou o cancelamento do visto de Rohter, o que
levaria à sua expulsão do país,
mas, sob pressão, voltou atrás.
Em fevereiro passado, durante
encontro com prefeitos em
Brasília, Lula reclamou da imprensa mais uma vez. "Fiquei
triste como leitor porque estão
abusando de minha inteligência. Tem gente que pensa que o
povo é marionete. Disseram
que é um ato para promover
dona Dilma Rousseff. São pessoas pequenas", disse.
Lula só concedeu a primeira
entrevista coletiva em 2005,
dois anos e quatro meses depois de assumir a Presidência.
Em seu relatório, a SIP destaca ainda que o governo tentou
criar, também em 2004, um
Conselho Federal de Jornalismo para disciplinar e fiscalizar
a atividade da imprensa, iniciativa que acabou suspensa após
repercussão negativa.
A SIP menciona ainda o empenho do Planalto para promover uma Conferência Nacional
de Comunicação neste ano
(leia texto abaixo), iniciativa
que a entidade diz ver com
preocupação.
Além de criticar a impunidade de crimes contra jornalistas,
a SIP chama a atenção para o
aumento de casos de agressão
governamental. "Agora são os
governos que não só estão abusando da imprensa, como estão
atiçando as chamas do ódio",
diz o texto, que aponta para a
piora do clima de liberdade de
imprensa na América Latina.
Segundo a entidade, na Venezuela o presidente Chávez
"segue com sua tarefa de humilhar oficialmente a imprensa".
"Sua retórica tem consequências reais, como se pode
ver nos violentos ataques a repórteres da Globovisión em
outubro passado", afirma a
SIP.
Segundo a organização, "essa
tática tem sido adotada entusiasticamente por outros chefes de Estado", como Evo Morales (Bolívia), Álvaro Uribe
(Colômbia) e o próprio Lula.
Após ser reeleito, Lula participou de evento com Chávez na
Venezuela, onde disse ter sido
"vítima da incompreensão e do
preconceito" da imprensa.
Texto Anterior: Rio Grande do Sul: Promotoria vai apurar suposto grampo em assessor de Yeda Próximo Texto: União prevê R$ 8,2 mi para debater comunicação Índice
|