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Rosinha protagoniza momento tenso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O encontro entre os governadores e o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva foi marcado por uma certa tensão, especialmente durante
a discussão sobre mudanças na
forma de cobrar o ICMS. O momento mais crítico ocorreu quando a governadora do Rio, Rosinha
Garotinho (PSB), batendo na mesa, reclamou que seu Estado perde dinheiro com o atual sistema.
Rosinha quer que o ICMS sobre
o petróleo seja cobrado no local
da extração, e não no de refino,
como ocorre hoje. Grande produtor, o Rio arrecada pouco por não
ter refinaria. Ela chegou a se desculpar -"Tenho direito de ter divergências"-, mas não evitou os
comentários. "Ela é meio sem
educação, mas hoje extrapolou",
disse um governador. Segundo
Rosinha, é uma "incoerência do
Planalto" não cobrar ICMS só na
produção de petróleo e energia.
Roberto Requião (PMDB-PR) e
Ronaldo Lessa (PSB-AL) apoiaram Rosinha. E, tentando acalmar
os ânimos, o paranaense citou
"Alice no País das Maravilhas", o
clássico de Lewis Carroll.
Na história, a protagonista pergunta ao seu gato qual o caminho
para sair do mundo da fantasia.
Ele responde que isso depende de
onde ela quer chegar. "Essa não é
a reforma ideal e consenso não
quer dizer unanimidade", comparou Requião. A guerra de interesses postergou para daqui a dois
anos a definição sobre o ICMS.
Um dos objetivos de recolher o
imposto somente no destino tem
como alvo o combate à guerra fiscal. Cético, o governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB),
disse que "a guerra fiscal não vai
acabar nunca." Segundo ele, os
governos podem devolver às empresas o imposto pago por meio
de empréstimos.
Se Rosinha foi a mais brava na
reunião, na avaliação dos presentes o mais manso foi seu colega de
partido Paulo Hartung (ES)
-que trouxe o principal do almoço: moqueca capixaba.
"Até governadores do PT têm
divergências com o governo, mas
todos temos obrigação de sair daqui unificados", afirmou ele, logo
após a refeição.
Depois de tanta tensão, Lula
presenteou os governadores com
cestas de ovos de Páscoa.
No momento da foto oficial, novas surpresas. O presidente provocou o governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves, que
estava posicionado atrás dele:
"Quero ver se o Aécio também está sorrindo".
O mineiro, que na reunião queria dividir o bolo da CPMF com os
Estados, virou-se para Palocci e
disse: "Você parece uma namorada que eu tive. E não é fisicamente. É que eu demorei um ano para
conseguir conquistá-la".
(ANDRÉA MICHAEL, GABRIELA ATHIAS, OTÁVIO CABRAL e LUCIANA CONSTANTINO)
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