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São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

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Rosinha protagoniza momento tenso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O encontro entre os governadores e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi marcado por uma certa tensão, especialmente durante a discussão sobre mudanças na forma de cobrar o ICMS. O momento mais crítico ocorreu quando a governadora do Rio, Rosinha Garotinho (PSB), batendo na mesa, reclamou que seu Estado perde dinheiro com o atual sistema.
Rosinha quer que o ICMS sobre o petróleo seja cobrado no local da extração, e não no de refino, como ocorre hoje. Grande produtor, o Rio arrecada pouco por não ter refinaria. Ela chegou a se desculpar -"Tenho direito de ter divergências"-, mas não evitou os comentários. "Ela é meio sem educação, mas hoje extrapolou", disse um governador. Segundo Rosinha, é uma "incoerência do Planalto" não cobrar ICMS só na produção de petróleo e energia.
Roberto Requião (PMDB-PR) e Ronaldo Lessa (PSB-AL) apoiaram Rosinha. E, tentando acalmar os ânimos, o paranaense citou "Alice no País das Maravilhas", o clássico de Lewis Carroll.
Na história, a protagonista pergunta ao seu gato qual o caminho para sair do mundo da fantasia. Ele responde que isso depende de onde ela quer chegar. "Essa não é a reforma ideal e consenso não quer dizer unanimidade", comparou Requião. A guerra de interesses postergou para daqui a dois anos a definição sobre o ICMS.
Um dos objetivos de recolher o imposto somente no destino tem como alvo o combate à guerra fiscal. Cético, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que "a guerra fiscal não vai acabar nunca." Segundo ele, os governos podem devolver às empresas o imposto pago por meio de empréstimos.
Se Rosinha foi a mais brava na reunião, na avaliação dos presentes o mais manso foi seu colega de partido Paulo Hartung (ES) -que trouxe o principal do almoço: moqueca capixaba.
"Até governadores do PT têm divergências com o governo, mas todos temos obrigação de sair daqui unificados", afirmou ele, logo após a refeição.
Depois de tanta tensão, Lula presenteou os governadores com cestas de ovos de Páscoa.
No momento da foto oficial, novas surpresas. O presidente provocou o governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves, que estava posicionado atrás dele: "Quero ver se o Aécio também está sorrindo".
O mineiro, que na reunião queria dividir o bolo da CPMF com os Estados, virou-se para Palocci e disse: "Você parece uma namorada que eu tive. E não é fisicamente. É que eu demorei um ano para conseguir conquistá-la".
(ANDRÉA MICHAEL, GABRIELA ATHIAS, OTÁVIO CABRAL e LUCIANA CONSTANTINO)


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