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São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

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CONSENSO MÍNIMO

Contrário à proposta para a Previdência, Pellegrino afirma que tentará convencer governo a mudar de idéia

Líder do PT quer excluir inativos da reforma

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Nelson Pellegrino (BA), líder do PT na Câmara, afirmou ontem que a cobrança de contribuição dos servidores inativos é "uma questão problemática" dentro da bancada do PT e afirmou que vai tentar demover o governo de apresentar a proposta. Caso não consiga, vai propor que a cobrança seja feita para os salários acima de R$ 2.400.
"Sou contra a proposta e vou dialogar com o governo para que possamos conseguir receitas alternativas [que substituam a cobrança]", disse o deputado. "Caso isso não seja possível, vamos tentar definir que a cobrança seja feita apenas para os salários acima de R$ 2.400", acrescentou.
Apesar de ser o líder da legenda, Pellegrino pertence a uma tendência interna do PT que é crítica à condução da política econômica do governo. A situação ficou clara na votação da emenda constitucional que regulamenta o sistema financeiro e facilita a aprovação da autonomia do Banco Central.
Apesar de integrar o grupo que pressionou os deputados da legenda a votarem pela aprovação da proposta, Pellegrino assinou documento das alas radicais que fizeram declaração de voto contrária à autonomia do BC.
O deputado petista disse que uma outra opção, para o caso dos inativos, seria deixar para cada Estado definir com as respectivas Assembléias Legislativas se tributariam ou não os servidores aposentados.
O certo é que os líderes do governo na Câmara esperam enfrentar dificuldades enormes no ponto que trata da tributação dos inativos. "A cobrança dos inativos é uma contenda que não é pequena", afirmou o deputado Professor Luizinho (PT-SP), um dos vice-líderes do governo na Casa.
"Estão colocando em risco toda a reforma, é um erro enorme, isso não tem chance de passar aqui", afirmou o deputado Lindberg Farias (PT-RJ), um dos expoentes do grupo petista que mais têm criticado a política econômica conduzida pelo governo.
De acordo com o deputado Eduardo Campos (CE), líder do PSB, partido que compõe a base governista, "haverá muita resistência, jurídica e política, à cobrança". Segundo ele, a bancada pessebista é majoritariamente refratária à idéia.
Outros partidos da base que se opõem à idéia são o PDT e o PC do B do líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (SP).
Rebelo afirmou que vai "enfrentar a questão" e "explicar as razões" para tentar aprovar a proposta governamental. "Não tem outro caminho nem outro método", afirmou.
Apesar da iminente resistência que devem enfrentar, os deputados governistas afirmam que tanto o limite mínimo para a taxação quanto o teto de R$ 2.400 podem ser aumentados. "No debate Legislativo, isso pode ser alterado", afirmou Luizinho.
O PFL, principal partido de oposição ao governo, criticou com ironia a proposta governista. "Vamos decidir o que fazer após conversar com os servidores, com a sociedade e com os eleitores do PT, que, mais uma vez, devem estar desapontados", disse o deputado José Carlos Aleluia (BA), líder da bancada pefelista.


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