São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004

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ILHA DA FANTASIA

Quadras de tênis e lojas de grife compõem cenário de encontro de empresários na Bahia

Praia é pano de fundo para encontro

DA ENVIADA ESPECIAL A COMANDATUBA

Os temas eram taxa de juros, crescimento da economia e carga tributária. O cenário poderia ser a avenida Paulista, mas era uma ilha, com 21 km de praia, no sul da Bahia. É nesse local, cercado por seguranças, que cerca de 280 empresários estão reunidos, desde quinta, para discutir, entre outros pontos, os rumos do país.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi um dos que palestraram ontem. Enquanto respondia a perguntas, os executivos doavam alguns milhares de reais a uma ONG ligada ao Lide (Grupo de Líderes Empresariais), cujos integrantes patrocinaram o fórum.
O presidente da Daslu (loja que vende roupas para a classe média alta), Rubens Panelli, doou R$ 20 mil em roupas para a entidade filantrópica. O problema é que a instituição atua com crianças, na área de educação, em Pernambuco. Os organizadores do evento anunciaram que comprariam as peças para doar o valor à entidade.
Mais tarde, Ana Maria, mulher de Luiz Fernando Furlan, ministro do Desenvolvimento, encontrou o empresário no saguão do hotel. Brincou com ele: "Ai, moço. Sou de Pernambuco. Sou pobrinha, me dá uma roupa?".
A organização do evento disse que a Daslu pretendia leiloar as roupas, mas que acabou dando a quantia em dinheiro. Ao todo, foram arrecadados R$ 1.420.000 para EDH (Empresários pelo Desenvolvimento Humano).
A presença de FHC deixou o debate na sala de conferência, pela manhã, mais animado, principalmente quando eram feitas críticas ao governo Lula.
À tarde, a palestra de Antonio Palocci Filho (Fazenda) teve um concorrente entre os empresários: as quadras de tênis.
As discussões são regadas a mais de 1.400 garrafas de vinho, "transportadas em câmaras frigoríficas especiais de São Paulo". O menu foi preparado por renomados chefes de cozinha.
Lojas como Bulgari, Christian Dior e Cartier tentavam fazer com que os convidados se sentissem em casa. Para almoço e jantar, estavam marcados shows de Daniela Mercury, Jô Soares e César Camargo Mariano. O ministro Gilberto Gil (Cultura) também daria uma palhinha.
Segundo estimativas dos organizadores do evento, os presentes somam cerca de 35% do PIB. E, apesar de ser uma ilha, a segurança do local mais lembrava um encontro entre chefes de Estado. "Envolve policiamento marítimo, aéreo e terrestre, com um número não revelado de homens especialmente treinados", informaram os organizadores.
Todas as atividades foram patrocinadas por participantes do fórum -da caminhada na praia à assistência médica ("helicóptero biturbina com UTI, ambulância canadense, com UTI móvel, três médicos, três paramédicos e três enfermeiras").
Se um dos objetivos do encontro era promover marcas, o sucesso era visível: elas estavam por todos os lugares. Competiam espaço com os coqueiros, com a areia. No céu, havia um dirigível patrocinado por uma empresa de pneus. Além do campo de golfe, havia uma sala de ginástica. (JULIA DUAILIBI)


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