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Polícia Civil de SP apreende 7.200 caça-níqueis no ABC
Máquinas estão avaliadas em até R$ 15 mil cada uma e podem ter sido contrabandeadas
Ao contrário do Rio, onde a PF desbancou um grande núcleo de contravenção, em SP há vários comerciantes na atividade, intimidados
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil de São Bernardo do Campo (ABC paulista)
apreendeu ontem 7.200 máquinas caça-níqueis em um galpão localizado às margens da
rodovia Anchieta. Foi uma das
maiores apreensões desse tipo
de equipamento feita no país.
De acordo com a polícia, as
máquinas -novas e usadas-
estão avaliadas entre R$ 8.000
e R$ 15 mil cada uma e deveriam ser colocadas em pontos-de-venda de São Paulo nos próximos dias. O galpão pertence à
metalúrgica Valkar.
O delegado Marco Antônio
de Paula Santos, responsável
pela operação, disse que a Valkar não tem responsabilidade
sobre as máquinas, pois o galpão foi locado à empresa Golden Coin, verdadeira dona dos
equipamentos.
Os proprietários da Golden
Coin não foram localizados ontem pela Folha. Desde a manhã de ontem, peritos e policiais tentam descobrir como as
máquinas e as peças entraram
no país. Segundo o delegado
Santos, todo o material pode
ter entrado no Brasil por meio
de ações de contrabandistas.
Todas as 7.200 máquinas ficarão armazenadas no galpão
até que o Poder Judiciário decida o que fazer com elas.
Em outra ação da polícia
paulista, PMs apreenderam
340 leitores de cédulas usados
por máquinas caça-níqueis.
Quatro homens foram presos.
Ao contrário do que acontece
no Rio de Janeiro, onde a Polícia Federal prendeu 25 pessoas
-entre magistrados, bicheiros,
empresários e advogados - na
Operação Hurricane, em São
Paulo a exploração dos caça-níqueis não está centralizada nas
mãos de poucos grupos.
Considerada ilegal pela polícia, a atividade é feita por grupos que, na maioria das vezes,
obrigam comerciantes a abrigar as máquinas em seus estabelecimentos por meio da intimidação. Se o comerciante não
aceita as máquinas, pessoas
que se apresentam como policiais (civis e militares) passam
a fazer ameaças e a dizer que o
local será fechado, mesmo que
não tenha irregularidades.
Todas as máquinas têm selos
de identificação e, em alguns
casos, até mesmo o número do
telefone de quem a colocou no
comércio. Comerciantes ouvidos pela Folha disseram ontem que alguns grupos contam
até com uma "hot line", ou seja,
caso alguém tente roubá-las,
eles têm os telefones de policiais que os "socorrem".
A Secretaria da Segurança
Pública de SP informou que
nenhum PM foi denunciado
por explorar caça-níqueis até
hoje e que a Corregedoria da
Polícia Civil fará um levantamento sobre o caso. Questionado por escrito pela reportagem,
o secretário Ronaldo Marzagão
não respondeu qual deve ser a
atitude de um policial ao se deparar com um comércio que
explora o caça-níquel.
Em dezembro foi aprovada
na Assembléia lei que proibiu a
instalação, uso e depósito de
máquinas caça-níqueis em bares e restaurantes do Estado.
No fim de março, o governador
José Serra (PSDB) enviou o
texto à Procuradoria Geral do
Estado para uma análise sobre
sua constitucionalidade.
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