|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOMBRA NO TUCANATO
Em nota, Gregorio Marin Preciado atribui acusações ao "carregado ambiente político no Brasil"
Ex-sócio de Serra nega ter sido privilegiado
DA REDAÇÃO
O empresário espanhol Gregorio Marin Preciado, contraparente e ex-sócio do presidenciável tucano, José Serra, num terreno em
São Paulo, divulgou nota ontem
em que afirma não ter sido privilegiado na negociação em que o
Banco do Brasil lhe concedeu
uma redução de dívida de, pelo
menos, R$ 73,719 milhões.
"Segundo documentos em poder de minha empresa, muitos
feitos pelo próprio banco, em julho de 1994, a dívida já havia dobrado, em dólar. Um ano depois,
alcançava US$ 22 milhões e, em
março de 1999, atingia US$ 140
milhões. Sem que tivéssemos recebido nenhum outro empréstimo, nossa dívida aumentou 46
vezes em dólares", diz Marin.
A Folha divulgou no último dia
10 que Ricardo Sérgio de Oliveira,
ex-caixa de campanha de Serra,
ajudou a favorecer em 1995 as empresas Gremafer e a Aceto, de
propriedade de Marin. Ricardo
Sérgio foi diretor do BB de 95 a 98.
O primeiro empréstimo foi
equivalente a US$ 2,5 milhões, em
agosto de 93. O segundo empréstimo, equivalente a US$ 2,8 milhões, saiu no final de 95. A dívida
disparou por causa dos juros altos
e da falta de pagamento. Chegou a
passar de R$ 61 milhões em novembro de 98, quando o BB desistiu de ajudar as empresas -uma
data que coincide com a saída de
Ricardo Sérgio da instituição.
Em novembro de 95 a diretoria
do BB aprovou uma redução de
R$ 16,453 milhões na dívida das
empresas de Marin. Além disso,
concedeu novo empréstimo no
valor de US$ 2,8 milhões.
Em 1998, o Banco do Brasil resolveu liquidar as operações e fazer uma nova recomposição. Infladas pelos encargos e juros altos,
a dívida da Gremafer e da Aceto
estava em R$ 61,380 milhões. Marin conseguiu um abatimento de
R$ 57,266 milhões e passou a dever apenas R$ 4,114 milhões.
De acordo com o empresário,
"negociações semelhantes foram
feitas com outros bancos, só que
privados, na mesma época, em
condições melhores do que as
acordadas" com o BB.
Marin diz que "jamais" ofereceu
o terreno que possuía em sociedade com Serra como "garantia nas
negociações e renegociações" da
dívida. Afirma que o "terreno foi
vendido antes do ajuizamento de
execução pelo banco. A Folha publicou que o BB protocolou um
pedido de arresto na Justiça em 25
de julho de 1995, e que a venda havia sido realizada em 19 de setembro de 95, segundo registros de
cartório. Marin e Serra foram informados sobre essas datas obtidas pelo jornal. No dia seguinte, o
pré-candidato disse que a venda
fora feita em 25 de abril de 95.
Sobre ter sido representante da
empresa espanhola Iberdrola durante privatização de empresas
estatais de energia elétrica, declarou que sua "atuação consistiu
em ajudar a trazer para o Brasil
capitais estrangeiros produtivos".
Leia a seguir a íntegra da nota:
"Tomando conhecimento na Espanha,
onde me encontro por conta de dolorosos
problemas familiares, de reportagens publicadas pela Folha, venho prestar os seguintes
esclarecimentos:
1) Minha empresa, a Gremafer, atuante
desde 1970, tomou emprestado no Banco do
Brasil recursos no valor correspondente a
US$ 5,3 milhões. Tive problemas para liquidar a dívida, deixando pendente um valor
de US$ 3 milhões em fevereiro de 1994;
2) Segundo documentos em poder de minha empresa, muitos feitos pelo próprio
banco, em julho de 1994 a dívida já havia dobrado -em dólar. Um ano depois, alcançava US$ 22 milhões. E, em março de 1999,
atingia US$ 140 milhões. Sem que tivéssemos recebido nenhum outro empréstimo,
nossa dívida aumentou "46 vezes em dólares!';
Alguém que quisesse fazer uma leitura
política de privilégio em relação a Gremafer/Aceto, ao se debruçar sobre os mesmos
números poderia se convencer do contrário.
As draconianas regras do sistema bancário
se assemelham mais a uma perseguição para quem tenta sobreviver após se enredar
nelas do que a um benefício ou a um privilégio;
3) Jamais ofereci em garantia nas negociações ou renegociações um terreno que possuí em sociedade com o senador José Serra,
terreno esse que foi vendido antes do ajuizamento de execução pelo Banco do Brasil, ao
contrário do que publicou a Folha;
4) Negociações semelhantes foram feitas
com outros bancos, só que privados, na
mesma época, em condições inclusive, ressalte-se, melhores do que as acordadas com
o Banco do Brasil;
Todos os processos passaram, como só
poderia ser, pelas diversas instâncias técnicas do banco numa tramitação absolutamente regular. Não fomos atingidos por nenhuma regra que não tenha sido aplicada a
outros clientes;
5) Todos os documentos comprobatórios
destas afirmações estão à disposição das autoridades competentes;
6) Quanto à Iberdrola, minha atuação
consistiu em ajudar a trazer para o Brasil capitais estrangeiros produtivos em conformidade com minha função e missão institucional.
Lamento apenas que o carregado ambiente político no Brasil acabe criando condições para produção e geração de acusações infundadas como as que atingiram minha empresa e a mim.
Gregório Marin Preciado"
Texto Anterior: No Ar - Nelson de Sá: Tudo ecumênico Próximo Texto: Marin fundou subsidiária que atuou em leilões Índice
|