São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 2002

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MST vai iniciar campanha pela libertação do líder José Rainha

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) vai iniciar, a partir da próxima semana, uma campanha pela libertação de José Rainha Jr., preso desde 25 de abril acusado de porte ilegal de arma de uso restrito.
João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do movimento, disse ontem que o MST está em vigília permanente em frente ao Fórum de Teodoro Sampaio (SP) e que a campanha se faz necessária pelo ""esgotamento das vias jurídicas" para libertar o líder sem-terra.
""Os despachos da Justiça são políticos e não jurídicos. O movimento esperava por decisões jurídicas, agora resta mobilizar politicamente a população para mostrar que Rainha é hoje um preso político", afirmou Rodrigues.
Segundo Rodrigues, existe hoje uma orquestração ""entre o Poder Judiciário e a oligarquia que comanda a região do Pontal do Paranapanema para manter Rainha preso".
O juiz Adhis de Araújo Oliveira foi procurado ontem para comentar as afirmações do MST, mas não quis conceder entrevista.
Até então, o MST não vinha promovendo movimentações muito visíveis sobre a prisão de seu líder na região do Pontal.
Rainha foi preso durante uma blitz da PM em Euclides da Cunha no dia 25 de abril. No carro em que viajava, conduzido pelo motorista José Luiz Silva Santos, a PM encontrou uma espingarda CBC 12, de cano curto e uso restrito. Em primeiro depoimento à PM, Santos disse que a arma era sua. Em depoimento à Polícia Civil, ele mudou sua versão e apontou Rainha como o proprietário da arma.
Anteontem, em juízo, confirmou que Rainha seria o dono da arma. Cerca de 20 minutos antes de ser ouvido pelo juiz, Santos disse à Agência Folha que iria manter o depoimento à PM, de que a espingarda lhe pertencia.
Na campanha pela libertação de José Rainha Jr, o movimento pretende levar, a partir da próxima semana, caravanas de políticos e de militantes pelos direitos humanos a Presidente Venceslau, onde o líder dos sem-terra está preso, e a Teodoro Sampaio, cidade na qual fica o Fórum em que corre seu caso.

Pena prevista
Caso seja condenado, Rainha pode pegar de dois a quatro anos de reclusão.
O deputado federal Adão Preto (PT-RS), que assistiu aos depoimentos das testemunhas na audiência de instrução de anteontem em Teodoro Sampaio, disse que o juiz foi "autoritário e induziu, claramente, as testemunhas a falar o que ele queria para incriminar Rainha".
Suzana Paim Figueiredo, que também trabalha na defesa de Rainha, questionou a validade dos testemunhos de anteontem. Segundo ela, o processo foi conduzido com irregularidades para incriminar o réu.



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