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IMPRENSA
Governo desiste de processar jornal após nova reportagem na qual o diário omite trecho de nota em que negava retratação
Para presidente, caso "NYT" está encerrado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva decidiu encerrar a polêmica envolvendo o "New York Times". O governo não deve processar o jornal na Justiça brasileira ou na americana, como vinha
sendo cogitado. "O caso está encerrado", teria dito Lula a interlocutores no sábado à tarde. "O presidente quer encerrar esse assunto e tocar a vida", disse ontem um
assessor do Planalto.
No domingo, dia 9, o jornal publicou uma reportagem assinada
pelo correspondente Larry Rohter, na qual sugere que Lula abusa
de bebidas alcoólicas. O hábito,
segundo a reportagem, estaria
preocupando o país.
Depois de tentar obter, sem sucesso, uma retratação do jornal,
Lula cancelou, no dia 11, o visto de
Rohter no Brasil. A decisão foi noticiada por jornais e revistas de repercussão internacional e causou
desgaste para o governo.
No dia 13, o Superior Tribunal
de Justiça concedeu a Rohter um
salvo-conduto, medida que na
prática suspendeu o cancelamento do visto. No dia 14, o ministro
da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, negociou com os advogados
de Rohter a redação de uma carta
que foi entendida pelo governo
brasileiro como uma retratação.
Lula concordou com o teor do
documento e autorizou o ministro a revogar a cassação do visto.
No mesmo dia, porém, o jornal
divulgou uma nota afirmando
que o documento não era nem
um pedido de desculpas nem retratação, e que a reportagem de
Rohter estava correta.
A divulgação da nota levou o
governo a avaliar a hipótese de
processar por injúria, calúnia e difamação o jornal e não mais o jornalista, uma vez que Rohter, no
entendimento do governo, já havia se retratado. A pergunta era se
o governo processaria o "New
York Times" na Justiça brasileira
ou nos EUA.
Segundo a Folha apurou, apesar de o assunto ainda estar sendo
discutido pela assessoria jurídica
do Planalto, o governo praticamente desistiu de mover ação
contra o jornal norte-americano.
Um dos argumentos levantados
pelos assessores que são contra a
ação na Justiça é que o próprio
jornal também teria recuado no
teor de sua nota.
Na versão eletrônica do "New
York Times" de sábado, uma reportagem sobre a decisão do governo brasileiro de desistir da cassação do visto reproduzia a nota
divulgada na sexta-feira, mas sem
o trecho em que o jornal dizia que
não havia nem pedido desculpas
nem se retratado.
Hoje, o Ministério da Justiça vai
publicar um ato revogando formalmente a cassação do visto do
correspondente. O texto vai citar
que a decisão foi um ato de "generosidade" do presidente Lula.
(GABRIELA ATHIAS e VALDO CRUZ)
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