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ORÇAMENTO
Instrumento permite descontar do cálculo investimento em infra-estrutura
Governo pode ter superávit primário menor em 2006
SHEILA D"AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo decidiu bloquear R$
14,2 bilhões do Orçamento deste
ano que foi aprovado em abril pelo Congresso. Também sinalizou
que, pela primeira vez, poderá
usar o instrumento previsto na lei
de abater dos cálculos das contas
os investimentos em obras de infra-estrutura do Projeto Piloto de
Investimento (PPI).
Na prática, isso abre espaço para uma meta de ajuste fiscal consolidada com União, Estados,
municípios e estatais menor do
que os 4,25% da produção nacional fixados. O valor bloqueado do
Orçamento, que seria utilizado
para os gastos dos ministérios
com custeios e investimentos, foi
anunciado ontem e ficou abaixo
das estimativas que apontavam a
necessidade de um corte de cerca
de R$ 20 bilhões e que, recentemente, tinham sido reavaliadas
pela equipe econômica para um
patamar superior a R$ 15 bilhões.
Com isso, a União deverá investir R$ 15,5 bilhões em projetos e
obras prioritárias. Apesar do corte menor, ainda assim, o total investido pelo setor público em
2006 será 16% menor do que os
R$ 18,4 bilhões previstos no Orçamento aprovado em 2005.
Os ministérios dos Transportes,
Cidades e Integração Nacional foram os mais afetados. Cada um,
com cortes que superaram R$ 1
bilhão. Nos Transportes, o total
bloqueado é de R$ 2,276 bilhões.
Com isso, o Orçamento deste ano
da pasta caiu para R$ 4,2 bilhões.
Já Justiça, Cultura, Comunicações, Minas e Energia, Meio Ambiente, Desenvolvimento Indústria e Comércio foram os menos
afetados com contingenciamento
abaixo de R$ 200 milhões. Enquanto isso, a vice-presidência e a
Advocacia Geral da União foram
poupadas dos cortes.
Área social
Segundo o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), por uma
determinação do presidente Lula
houve uma preocupação em preservar também a área social. Nesse caso, com restrições menores.
No entanto, somando as sete
pastas que compõem a área social, o corte foi de R$ 2,819 bilhões. O maior corte ficou com a
Saúde (R$ 598 milhões), que também é o que tem o maior orçamento: R$ 36,106 bilhões. O Desenvolvimento Social teve corte
de R$ 282 milhões e terá R$ 10,287
bilhões disponíveis. O contingenciamento da Educação foi de R$
561 milhões, ante total a ser disponibilizado de R$ 7,827 bilhões.
Na área de segurança pública, a
Justiça teve R$ 195 milhões bloqueados e é um dos menos afetados pela restrição. Investimentos
na área voltaram a ser discutidos
após os ataques em São Paulo.
O tamanho do corte foi decidido na noite da segunda-feira numa reunião da junta orçamentária com o presidente Lula. Minutos antes de ir para o encontro no
Planalto, Bernardo disse que o
corte que seria levado ao presidente era muito perto dos R$ 15,9
bilhões registrados em 2005.
Se a programação for cumprida,
o superávit primário (economia
para pagar juros da dívida) em
2006 poderá ficar abaixo dos
4,25% do PIB. Porém a lei permite
abater do superávit primário gastos com projetos de infra-estrutura previstos no PPI, até o valor
equivalente a 0,15% do PIB.
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