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Acordos PT-PMDB para eleição naufragam
Petistas planejavam fazer do PMDB seu grande aliado nas cem maiores cidades; peemedebistas vêem falta de "contrapartida"
PT e PMDB têm negociação em só 34 cidades; em outros 5 municípios, os acordos estão indefinidos e, em 61, a chance de aliança é mínima
SIMONE IGLESIAS
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O planejamento do PT de fazer do PMDB seu maior aliado
nas eleições municipais deste
ano, especialmente nas cem
maiores cidades do país, esbarra em problemas locais e, segundo peemedebistas, na falta
de "contrapartida", fazendo
com que acordos em estágio
avançado naufraguem.
Dos cem maiores municípios, PT e PMDB negociam disputar juntos em apenas 34, enquanto em 61 não existe até o
momento acordo capaz de convencer petistas e peemedebistas a deixarem de se enfrentar
nas urnas. Em cinco municípios há indefinição.
As direções nacionais do PT e
do PMDB resolveram estimular ao máximo as alianças nos
principais colégios eleitorais,
mas esse esforço não tem se
concretizado. São Paulo e Salvador eram tratadas como as
melhores vitrines dessa parceria. Em Campo Grande (MS) e
Maceió (AL), alianças que já tinham sido praticamente fechadas acabaram suspensas.
Em Manaus (AM), a coligação naufragou, e os petistas
realizam prévia neste domingo
para lançar candidato próprio.
Na capital paulista, o PMDB
surpreendeu os petistas ao
apoiar a reeleição do prefeito
Gilberto Kassab (DEM). A decisão do PT de Salvador (BA) de
fazer prévia entre quatro pré-candidatos implodiu a coligação com o PMDB, contrariando
negociação entre o Palácio do
Planalto e o ministro Geddel
Vieira Lima (Integração Nacional) em favor do apoio a João
Henrique (PMDB).
"O PT tem dificuldade pelo
número de tendências internas
em dar apoio. Tem mais facilidade em ser apoiado. É difícil
ter contrapartida", disse Geddel. Ele criticou a posição do PT
baiano de desfazer o acordo.
"Em Salvador, tínhamos clara expectativa de receber apoio
do PT. Sou do PMDB e ministro
do Lula e, em vez de fecharmos
acordo, o PT resolveu encerrar
as negociações. Em Maceió, onde estava tudo encaminhado,
também degringolou", disse.
Para a direção nacional do
PT, as dificuldades esbarram
nas diferenças regionais, mas o
partido fará o possível para resolver impasses.
"Queremos o PMDB como
principal aliado e isso é importante porque sinaliza para
2010. As eleições municipais
são o primeiro tempo de um jogo que se completará daqui a
dois anos, quando buscaremos
a continuidade de um processo
que se iniciou em 2002, com a
eleição do presidente Lula",
disse Romênio Pereira, secretário de Assuntos Institucionais do PT nacional.
Segundo ele, na medida em
que insistirem no entendimento nas grandes cidades, acabarão aliados em mais de 2.000
municípios. "As alianças nas
grandes cidades terão reflexo
nos municípios do interior."
O problema é que esse entendimento não está sendo fácil.
Há um mês, o PT calculava que
faria acordo com o PMDB em
14 capitais. Hoje, há perspectiva de se concretizar em sete:
Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza
(CE), Goiânia (GO), Teresina
(PI), Natal (RN), Vitória (ES) e
Boa Vista (RR), sendo que o PT
terá o apoio do PMDB em cinco
e apoiará os peemedebistas em
apenas uma, Goiânia. Em Boa
Vista, ambos apoiarão o PSB.
Em 15 capitais, as chances
são mínimas e, em algumas delas, totalmente inviáveis, como
São Luís (MA), Porto Alegre
(RS), Florianópolis (SC) e Rio
Branco (AC).
Em 2004, sem o estímulo das
direções partidárias para que
houvesse coligações, PT e
PMDB concorreram aliados
em apenas cinco das cem maiores cidades do país (três capitais) e, em 2000, disputaram
unidos em seis municípios, mas
em nenhuma capital.
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