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Lobby de deputados na Cesp é investigado
Procurador-geral de Justiça de SP envia à Procuradoria Geral inquérito com suspeitas de ação de congressistas em desvio de verbas
Empresário, que está preso, diz ter auxiliado deputados em campanhas eleitorais em troca de serem recebidos por executivos de estatais
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
DIEGO BRAGA NORTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Fernando Grella Vieira, enviou à Procuradoria Geral da República o inquérito que levanta indícios da suposta participação de deputados federais no esquema de
desvio de verbas da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) desbaratado pela Operação
Mexilhão Dourado.
O Ministério Público do Estado, com base nas investigações, suspeita que o grupo possa ter desviado cerca de R$ 58
milhões de verbas da Cesp. Parte do dinheiro era repassado à
Prefeitura de Rosana (SP) e depois desviado pelo esquema.
Foram citados em depoimento como recebedores de
auxílio do suposto esquema para campanhas os deputados federais Antonio Carlos de Mendes Thame (PSDB), Vadão Gomes (PP), Abelardo Camarinha
(PSB), com R$ 20 mil, e Dr. Talmir (PV), com R$ 80 mil.
Em depoimento, o empresário Rogério Phellippe -que está preso- diz que ele e o também empresário Alvaro Tales
Pissarra, ambos prestadores de
serviços à Cesp, auxiliaram os
deputados em campanhas em
troca de serem recebidos por
diretores de estatais e bancos.
Pissarra está foragido.
Phellippe diz que chegou a
ser recebido pelo presidente da
Cesp, Guilherme Cirne de Toledo, para discutir a viabilidade
de a estatal pagar diretamente à
sua empresa, sem passar pela
Prefeitura de Rosana.
Phellippe diz que as empresas também alimentaram campanhas do suplente de deputado Edson Gomes (PP), irmão
de Vadão. Ele recebeu declarados R$ 329 mil da A. T. Pissarra
em 2006. O suplente não foi localizado pela Folha.
Além deles, é citado o nome
de pelo menos um deputado
estadual. Em razão disso, o
procurador-geral solicitou ao
Tribunal de Justiça de São Paulo a abertura de investigação.
Em 2007, a A. T. Pissarra obteve contrato de R$ 5,1 milhões, sem licitação, para a
prestação de serviços hospitalares e médicos no hospital do
núcleo de Porto Primavera. Segundo a Cesp, o contrato ocorreu porque havia emergência
-evitar que serviços hospitalares não fossem suspensos após
a prefeitura devolver o hospital
à Cesp. O contrato foi encerrado em 28 de setembro de 2007.
Ainda segundo a Cesp, a
PressServ, uma das usadas no
esquema em Rosana, ainda é
contratada da companhia. O
contrato é para manutenção de
áreas verdes da sede da empresa, em São Paulo, com validade
até 1º de janeiro de 2009. A
Cesp não revelou o valor.
Em dezembro, a Polícia Civil
prendeu 36 pessoas, incluindo
três funcionários da Cesp e cinco vereadores de Rosana. O
grupo fraudava licitações e usava notas fiscais fictícias para
justificar os pagamentos.
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