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Em SP, reforma é comparada a golpe
DA REPORTAGEM LOCAL
Representantes de associações
de procuradores, promotores e
juízes que participaram ontem
em São Paulo do lançamento do
manifesto "Defesa da Previdência
Pública" afirmaram que a reforma previdenciária do governo
ameaça o bom funcionamento do
Estado e chegaram a falar em riscos para a democracia.
O ato reuniu cerca de 200 pessoas na Associação dos Advogados de São Paulo. No documento,
defendem a manutenção de aposentadoria integral baseada no último salário (o governo propõe
uma média de vencimentos para
cálculo da aposentadoria), reajustes iguais para ativos e inativos e
manutenção de regras de transição para quem vai se aposentar.
A reforma tal como proposta
atualmente, disse Luiz Antônio
Guimarães Marrey, procurador-geral de Justiça do Estado de São
Paulo, "leva ao risco de sucateamento do Poder Judiciário e do
Ministério Público".
Marrey também fez coro às intervenções preocupadas com a
possibilidade de queda nos salários dos manifestantes no Estado.
"Não se pode aceitar um subteto
que vincule ao [salário do] governador ou leve ao sucateamento."
Hitler
Para Olívia Pedro Rodriguez,
presidente da Associação dos Magistrados da Justiça Trabalhista de
São Paulo, "está vindo aí uma modificação parecida com um golpe
de Estado, para acabar com o Poder Judiciário".
Renzo Leonardi, presidente da
Associação Paulista da Magistratura, fez menção ao nazismo e ao
regime militar. "Numa ditadura
de direita, Hitler inicialmente
emasculou o Poder Judiciário da
Alemanha."
"As nossas carreiras estão periclitantes. A emasculação das carreiras de Estado vai transformar o
país naquilo que de 64 a 85 aconteceu. Eu não quero deixar esse
país para os meus netos sob outra
ditadura", afirmou.
Marrey disse não acreditar em
risco ao Estado democrático, mas
afirmou ver "grande desânimo
nas carreiras que têm que fazer
valer a Constituição". Para ele, o
governo realiza "uma avalanche
publicitária" para "sufocar quem
se oponha ou queira discutir melhor essa mudança".
O juiz federal Marcos Orione,
professor da USP que participou
de grupo técnico que auxiliou o
Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social, disse que o
governo "traiu completamente a
confiança de todos", ao usar o
conselho para "legitimar esse estado de coisas".
"Tínhamos tirado propostas no
sentido da preservação das garantias institucionais e muitas delas
não estavam entre as propostas
sugeridas e aprovadas pelo conselho, na medida em que já havia
um projeto anterior, do sr. [ministro Luiz] Gushiken [Comunicação de Governo], que tem interesses pessoais, dizem à boca
miúda, nessa reforma", afirmou.
Um dos primeiros a falar, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) disse que há pouca possibilidade de o Congresso modificar a
proposta do governo. Citando a
frase de 1993 do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva de que o Congresso tinha "300 picaretas", afirmou: "Ele já fez acordo hoje com
os 300 picaretas e, portanto, vai
aprovar o que quiser".
Faria de Sá fez a seguinte declaração, segundo ele em referência a
um suposto "jogo sujo" do governo do presidente Lula: "A pior
coisa é peão quando vira patrão".
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