São Paulo, sábado, 17 de junho de 2006

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Estratégia tucana deixa a função de atacar Lula ao PFL

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O pesado ataque do senador José Jorge (PFL-PE) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva anteontem foi desferido com a anuência dos tucanos e marcou o início da nova fase da campanha eleitoral oposicionista pelo Planalto, que terá como objetivo desconstruir o "lulismo".
O pefelista, vice do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), disse que Lula "não trabalha" e que "bebe muito". A estratégia da oposição será utilizar o PFL para "bater pesado" em Lula, enquanto o tucano tentará apresentar propostas para o país. Desde o início da pré-campanha, em abril, os principais líderes do PFL argumentam que é mais importante bater na imagem do presidente do do que atacar o governo.
Os tucanos resistiram, mas, diante do crescimento de Lula a despeito das CPIs e do mensalão, acabaram aceitando a estratégia do ataque frontal.
Esse modelo de campanha também poderá ser estendido aos programas de televisão e rádio de Alckmin e incluiria, além do PFL, os candidatos tucanos ao Congresso. A nova fornada de ataques a Lula deverá incluir críticas aos negócios dos filhos do presidente.
Em 2002, quando disputou e venceu o governo de São Paulo, Alckmin se utilizou da mesma estratégia para se aproximar do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), então líder nas pesquisas.

Baixaria
Ontem, no entanto, tucanos próximos a Alckmin e a outros dirigentes do partido admitiam que Jorge pode ter "passado do tom" na crítica a Lula.
Eles temem que a campanha tucana descambe para a "baixaria", o que poderia afastar o eleitor tradicional do partido.
Mesmo no PFL o ataque não caiu bem. O pefelista Cláudio Lembo, governador de São Paulo, disse que não faria ataques como os desferidos por Jorge: "Eu tenho muito respeito por todas as autoridades, particularmente pelo presidente da República e pelos governadores de Estado". Em seguida, concluiu: "Eu costumo preservar as autoridades, faz parte da minha formação moral e jurídica. Gosto que a autoridade seja sempre preservada. Fiscalizada, porém respeitada".
Os favoráveis ao tom elevado das críticas argumentam que o PT e Lula também estão radicalizando o processo com a divulgação pela Polícia Federal do laudo atestando a autenticidade da lista de Furnas. O documento registra supostas doações da central elétrica a tucanos e pefelistas, entre outros.


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