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Assembléia está com pauta lotada
Para votar todas as matérias que estão na fila, deputados estaduais precisariam estender mandatos
Governo pretende alterar regimento para acelerar o processo; para oposição, Executivo tenta aumentar seu poder contra Legislativo
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Se decidissem votar todos os
projetos que descansam na
pauta da Assembléia Legislativa de São Paulo, os deputados
estaduais precisariam aumentar em pelo menos um ano seus
atuais mandatos, que terminam em 15 de março de 2011.
Seria preciso também que
nenhum projeto fosse apresentado para se juntar aos 322
itens que até a semana passada
constavam na pauta da Casa.
O "congestionamento" impede a votação de leis importantes. Além dos projetos do
Legislativo e do Executivo (vetos do governador incluídos),
há ainda cerca de 1.400 pareceres do TCE (Tribunal de Contas do Estado) esperando para
serem analisados.
No cerne do atraso está o regimento da Assembléia que,
entre outras coisas, obriga os
deputados a discutirem por pelo menos 12 horas em plenário
até projetos encaminhados
com regime de urgência.
As regras foram criadas em
1970 e sofreram algumas reformulações ao longo do tempo.
Hoje, a meta do governador José Serra (PSDB) e do presidente da Assembléia, Vaz de Lima,
também tucano, é alterá-las.
Na semana passada, uma comissão criada apresentou suas
primeiras sugestões, mas são
pequenos os pontos de consenso entre governistas e oposição.
As mudanças devem se restringir a questões de encaminhamento das votações e verificação de quórum, que passarão a
ser direitos exclusivos dos líderes e vice-líderes.
Um ponto importante, ainda
em discussão, seria conferir às
comissões e ao Colégio de Líderes caráter deliberativo para a
aprovação de determinadas
matérias, sem a necessidade de
votação em plenário.
Os petistas, principal front
contrário a Serra, afirmam que
a intenção dos tucanos é mudar
o regimento para dificultar o
trabalho de oposição e transformar o Legislativo em cartório que referende os atos do
Executivo. "Nos últimos anos, a
Assembléia vem passando por
um processo de desvalorização
em favor do predomínio do
Executivo", disse o líder do PT,
Simão Pedro. O presidente da
Casa nega a intenção de favorecer o Palácio dos Bandeirantes.
"Meu cargo não é de oposição
ou de situação. A população
tem pressa, o regimento é anacrônico", disse Vaz de Lima.
No meio do caminho, o deputado Jorge Caruso (PMDB)
tenta explicar o impasse: "Todos querem alterar o regimento, mas é preciso ficar atento
para o sistema presidencialista
da Assembléia".
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