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GOVERNO DE SP
Intenção do governo estadual é comprometer apenas 60% da receita com o funcionalismo, conforme exigência da Lei Camata
Covas demite 116 mil e quer equilibrar gastos
SILVANA QUAGLIO
da Reportagem Local
O governo paulista quer chegar
ao final deste ano gastando 62%
das receitas líquidas do Estado
com funcionalismo público.
Isso significa um gasto de R$ 13,6
bilhões neste ano (para pagamento
de ativos e inativos).
Desde janeiro de 95 (início do
governo Covas), 116.543 funcionários deixaram o Estado. O número
corresponde a pouco mais de 12%
do total de funcionários ativos em
dezembro de 94 -920.830.
As saídas são relativas às demissões e aposentadorias ocorridas no
período e aproximaram os gastos
aos 62% previstos para este ano.
Mas o secretário da Administração, Fernando Carmona, afirma
que a meta poderá ser extrapolada
devido ao reajuste que o governo
está dando neste mês às polícias
Militar e Civil (entre 5% e 34%).
"Esse reajuste aumentará os
gastos da folha em R$ 22,7 milhões
por mês", afirmou Carmona.
Meta
A meta para o ano que vem é baixar os gastos com pessoal a 60%
das receitas líquidas -parâmetro
estabelecido pela Constituição e
regulamentado por lei federal (conhecida como Lei Camata).
No primeiro mês do governo Covas, segundo o Palácio dos Bandeirantes, os gastos com salário consumiam 82% das receitas líquidas
do Estado, que são o total arrecadado menos pagamentos com precatórios (dívidas judiciais), juros
de dívidas, pagamentos de dívidas
contratuais e repasses para municípios.
Quebra da estabilidade
Mesmo sem a quebra da estabilidade, que está em votação no Congresso Nacional, o governo paulista demitiu 92.848 funcionários e
outros 23.695 se aposentaram.
Estes continuam recebendo do
Estado, mas, segundo o governo
Covas, suas vagas não foram
preenchidas.
O secretário Carmona afirmou
que o "excesso" de funcionários
era tanto que não foi nem necessária a aprovação da reforma administrativa para fazer os cortes.
Mas o tratamento que o governo
dá aos números pode causar falsas
impressões.
Proporcionalmente, a maior
parte das saídas (48.529) aconteceu nas empresas estatais, onde
não há estabilidade no emprego.
Acontece que boa parte do dinheiro gasto com salários pelas estatais não entra no cômputo do
percentual máximo que o Estado
pode gastar com a folha de pagamentos.
Receita
A maioria das estatais são empresas que geram receita. Somente
aquelas que vivem do repasse de
verbas do governo (como a Cetesb, empresa de controle ambiental, e fundações) são consideradas
para efeito da Lei Camata.
Também não entram no cômputo dos 60%, os gastos com serviços
terceirizados.
O governo afirma que não é possível informar o número de funcionários terceirizados, porque
trabalha com contratos para prestação de serviços e não contrato de
funcionários.
Das secretarias -um universo
que já teve mais de 500 mil funcionários- saíram 63.750 funcionários, desde janeiro de 95.
Destes, 14.800 pediram demissão, aderindo a um dos dois PDV
(Programa de Demissão Voluntária) patrocinados pelo governo
Covas.
Na administração indireta, cerca
de 30 mil funcionários teriam saído por meio dos PDV. O número
exato ainda está sendo consolidado pela Secretaria da Administração.
Terceirizados
Foram demitidos também entre
15 mil e 17 mil servidores terceirizados, contratados por meio do
Baneser (empresa ligada ao Banespa) nos dois últimos governos anteriores a Covas, de Fleury (91/94)
e Quércia (87/91).
As demissões voluntárias na administração direta custaram cerca
de R$ 80 milhões ao governo.
O valor foi recuperado em um
ano, segundo Carmona, já que o
governo deixou de gastar R$ 6,8
milhões por mês com os salários
desses funcionários.
O secretário Carmona afirma
que as mudanças constitucionais
na área da administração ainda
são necessárias.
A privatização de estatais e a
concessão de serviços públicos à
iniciativa privada deixarão muitos
outros funcionários sem função.
Tendência
Segundo o secretário, a terceirização da mão-de-obra também é
uma tendência no Estado moderno, que deve ter capacidade de se
adaptar rapidamente às mudanças.
"O problema não é a terceirização, mas o mau uso que se pode
fazer dela. Tanto no caso do Baneser como no de contratos com outras empresas, havia distorções.
Havia gente contratada para prestar outros tipos de serviço ou para
receber vencimentos além do que
já recebiam pela função que exerciam", explicou Carmona.
"Isso acabou e economizamos
também R$ 40 milhões por mês
com a revisão dos contratos", afirmou o secretário.
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