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REFORMA NO AR
Manutenção da paridade de reajuste entre ativos e inativos causa discórdia entre José Dirceu e João Paulo
Relatório opõe governo e base na Câmara
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Na véspera da apresentação do
relatório da reforma da Previdência na Câmara, o governo e sua
base aliada ainda estavam divididos em relação ao texto final.
Enquanto o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP),
e deputados governistas defendiam a paridade dos reajustes entre servidores ativos e inativos, o
governo é contra a proposta.
A manutenção da paridade para
os atuais servidores é um ponto
que não agrada aos governadores
nem ao Palácio do Planalto, principalmente aos ministros José
Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Apesar disso, a versão do parecer mantida até ontem pelo relator da reforma, José Pimentel
(PT-CE), previa a paridade. Até as
11h de hoje, porém, que é o horário previsto para a leitura do parecer, o conteúdo pode ser alterado.
"A proposta não é igual à original. Todos os servidores, inclusive
os magistrados que estão no serviço público, terão a paridade e
muito possivelmente a integralidade [aposentadoria igual ao salário da ativa]", disse João Paulo.
O deputado e os líderes dos partidos aliados ao governo escutaram de Dirceu que a paridade deveria ficar fora do relatório porque sofre também a oposição da
maioria dos governadores.
Apesar disso, os deputados disseram a Dirceu, num café da manhã na casa de João Paulo, que já
tinham se comprometido com
em defender a paridade.
"A base aliada decidiu reafirmar
a posição de que quer incluir no
relatório a paridade e a integralidade. Dirceu ficou de conversar
com Lula e dizer que é essa a nossa posição", afirmou o deputado
Nelson Pellegrino (BA), líder da
bancada do PT. "Ficamos quatro
meses sendo informados do que o
governo quer e do que vai fazer.
Decidimos dizer ao governo o que
a base aliada quer e o que vai fazer", disse Beto Albuquerque
(PSB-RS), vice-líder do governo.
"Se vão fazer isso, saibam que
somos contra e que deixamos isso
claro", teria dito Dirceu, de acordo com o relato de presentes.
Ainda segundo os deputados, o
ministro afirmou que dificilmente convenceria Lula da necessidade da paridade. O ministro Ricardo Berzoini (Previdência) fez ontem uma defesa técnica da paridade, afirmando que ela beneficiaria
os Estados (veja texto ao lado).
O posicionamento dos aliados
ontem teve origem na quarta da
semana passada, quando o governo autorizou os deputados a negociar a paridade e a integralidade
para atuais e futuros servidores
(proposta do Judiciário).
A reação contrária dos governadores e o consequente recuo do
governo causou um mal-estar entre os congressistas, que se sentiram preteridos na negociação.
Resistência
Com isso, parte da base aliada
começou a organizar uma "resistência" ao recuo. Numa reunião
anteontem, João Paulo solicitou a
36 deputados federais do setor governista do PT que não vacilassem na posição.
A bancada do partido se reuniu
ontem com Dirceu e Berzoini para tentar resolver esse e outros
pontos. Os ministros ouviram dos
petistas reclamações acerca da
condução política da reforma.
Eles dizem que nenhuma das
emendas apresentadas pelo partido foi considerada. E reclamam
que só ontem foram procurados
pelo governo.
(RB E FK)
Colaborou JOSÉ ALBERTO BOMBIG, enviado a Brasília
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