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OUTRO LADO
"Dinheiro veio de indenização"
DA REPORTAGEM LOCAL
O superintendente da Polícia
Federal em São Paulo, Francisco
Baltazar da Silva, não detalhou,
em rápido contato com a Folha
ontem à tarde, o destino que deu
aos dólares que afirma ter comprado na casa de câmbio do doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o
Toninho da Barcelona.
Indagado sobre o período em
que teria feita a troca de dólares, o
delegado também não respondeu. Apenas meneou a cabeça. Ele
afirmou que a origem dos recursos é uma ação judicial de indenização por danos morais que moveu contra a revista "Veja". O superintendente disse que o valor da
indenização foi informado à Receita Federal em sua declaração
de Imposto de Renda.
"O dinheiro é meu, eu faço o
que eu quero", disse Baltazar.
O superintendente limitou-se a
enumerar alguns possíveis destinos para o dinheiro que recebeu
de indenização: "Posso investir
em dólar, posso colocar no banco,
comprar alguma coisa". Disse que
a compra de dólar era um bom investimento financeiro.
O delegado se recusou a conceder uma entrevista à Folha. Anteontem, por meio da assessoria
de imprensa, ele também se recusara a receber a imprensa na sede
da superintendência -aceitou
falar apenas com "O Estado de
São Paulo".
Ao se encontrar casualmente
ontem com Folha, na sala da comunicação social da superintendência, Baltazar afirmou que não
falaria sobre o assunto. Primeiro
alegou que não tinha tempo. Depois, reclamou que estava sendo
"maltratado" pelo jornal. Ao deixar a sala, após minutos de conversa, Baltazar afirmou que passaria a "tratar bem" o jornal caso
fosse igualmente "bem tratado".
Criticou a cobertura do jornal,
citando trechos da reportagem
publicada na edição de ontem, como o que informava que sua saída
do cargo "era praticamente certa"
e o que relatava uma conversa entre o ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, e o diretor-geral
da PF em Brasília, Paulo Lacerda.
O ministro disse a Lacerda que ele
tinha liberdade para decidir o futuro de Baltazar.
Em outra curta entrevista por
telefone anteontem à Folha, Baltazar afirmou que a reportagem
publicada naquele dia pelo jornal
"O Estado de São Paulo" era "tudo inverdade".
(RUBENS VALENTE)
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