|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CPI diz que vai revelar os nomes de 57
sanguessugas
A Procuradoria Geral da República já pediu investigação contra congressistas
Comissão está analisando depoimento-chave que aponta a participação de uma centena de deputados e senadores no esquema
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Sanguessugas vai
amanhã ao ministro do STF
(Supremo Tribunal Federal)
Gilmar Mendes pedir o fim do
sigilo nas investigações sobre o
esquema, mas, independentemente do aval, pretende no
mesmo dia dar publicidade ao
nome dos 57 deputados e senadores contra os quais pesam as
maiores suspeitas de participação na fraude.
A Procuradoria Geral da República informou à CPI os nomes de 57 congressistas contra
os quais pediu a abertura de investigação. Caso Gilmar Mendes -que preside a investigação judicial sobre o caso- suspenda o sigilo, a idéia é dar publicidade imediatamente a todos os documentos em poder
da comissão.
O mais explosivo deles é o depoimento dado à Justiça de
Mato Grosso pelo empresário
Luiz Antônio Vedoin, da Planam. A empresa encabeça a
quadrilha montada para fraudar licitações e vender ambulâncias superfaturadas a prefeituras do país, pagas com dinheiro da União.
Vedoin negocia a redução da
pena. Em seu depoimento,
apontou com detalhes e supostas provas o envolvimento de
cerca de cem parlamentares.
Caso o ministro Gilmar Mendes opte por manter as investigações sob sigilo, a cúpula da
CPI tem uma alternativa: tornar públicas as notificações feitas para que os 57 apresentem a
defesa à CPI.
"Não podemos desrespeitar
o segredo de Justiça, mas, na
medida em que você notifica o
acusado, de certa forma sai do
segredo absoluto. Minha idéia
não é confrontar o segredo.
Mas o segredo não pode e não
vai atrapalhar os trabalhos da
CPI", disse o relator da comissão, senador Amir Lando
(PMDB-RO).
O presidente da comissão,
deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), diz não acreditar
num conflito com o STF: "Já
notifiquei 15 e vou iniciar a notificação dos outros 42. Quero
na terça [amanhã] dizer os nomes daqueles que notifiquei,
não creio que o ministro Gilmar Mendes vá se opor a isso".
Outra possibilidade é reunir
nas próximas semanas, em um
relatório preliminar, o nome
daqueles contra os quais há indícios "veementes". Isso levaria em conta o depoimento de
Vedoin, o que elevaria o número de citados para além de 57.
"Asseguro que isso [os dados
da investigação] vai chegar à
opinião pública", disse ontem o
deputado Fernando Gabeira
(PV-RJ), integrante da CPI.
Um dos objetivos de tornar
públicos os nomes dos investigados é atender à pressão de
parlamentares cujos nomes
apareceram nos jornais por suposto envolvimento, mas contra os quais não surgiram provas até agora. Segundo integrantes da CPI, esse seria o caso, entre outros, do deputado
Júlio Lopes (PP-RJ).
"Essa CPI tem o papel histórico de tornar público o que jamais viria à tona em um período como esse. Se conseguir isso,
já terá feito um grande serviço",
disse o vice-presidente da CPI,
Raul Jungmann (PPS-PE).
Texto Anterior: O Bolsa-Família Próximo Texto: Frase Índice
|