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JANIO DE FREITAS
Entre Renan e a China
Mais do que o presidente do Congresso, os chamados oposicionistas é que estão aliviados com as férias
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O COQUETEL de uma dose de
Renan com outra de Lula pode ser meio indigesto, mas é
o que existe para brindar o último
dia de atividade dos congressistas,
cujo desempenho no primeiro semestre os fez merecedores, com mínimas exceções, de partir para as férias escolares.
Neste último dia, Renan, o inesgotável, personifica a única expectativa disponível. A Mesa Diretora do
Senado vai decidir se manda à Polícia Federal, para exames pedidos
pelo Conselho de Ética, os documentos da alegada defesa de Renan.
Há fértil especulação sobre novos
golpes do senador, para obter mais
retardamento do processo com pedido de vista por um dos senadores a
ele associados. Ou mesmo obter o
encaminhamento de anulação do
processo, sob o argumento do seu
advogado de que o Conselho de Ética não tem poderes para recorrer à
PF (se bem que, no caso, a remessa
seria da Mesa, e não do conselho).
A batalha no Senado, a propósito,
já começou ontem entre oposição e
aliados de Renan, quase todos governistas, mas esquenta mesmo na
manhã de hoje. Com um aspecto lateral, na expectativa, mais interessante do que o central: caso ocorra
nova manobra contra o andamento
do processo, que atitude a oposição
de PSDB e DEM vai tomar -se, afinal, tomar- para sair do papel patético que Renan lhe impôs até agora?
Mais do que Renan, e inversamente à impressão difundida, os ditos
oposicionistas é que estão aliviados
com as férias, que põem meia pausa
nesta encrenca em que a tibieza dos
oposicionistas não os deixa com
imagem muito melhor que a do Pelotão Renan. Já para o próprio Renan, a mim parece -outra vez inversamente à impressão difundida-
que a protelação com o recesso não
lhe atenua a situação em nada.
As manobras com que Renan obteve sucessivos retardamentos do
processo só renderam, todas, acirramento cumulativo da opinião pública contra sua permanência como
presidente do Senado, senão mesmo
como senador. É verdade que a imprensa brasileira não quer ter memória, mas o recesso será pouco para favorecer muito Renan Calheiros.
A tendência é maior acúmulo de animosidade.
Sobre efeito cumulativo na opinião pública, por favor consultar Lula, que desde a abertura do Pan tem
os dados mais recentes a respeito.
Ou algum dos professores "especialistas", como os jornais deram de dizer, que analisaram o ocorrido no
Maracanã. Por exemplo, o professor
Marco Antonio Villa, que integra a
leva mais recente dos "cientistas"
que a imprensa ascende à notoriedade para explicarem o país ao país.
O professor constatou que Lula, como "não sabe conviver com a vaia",
mostrou que "não sabe conviver
com a adversidade". O que deixou o
eminente professor "muito preocupado", porque se houver "um problema com a China", problema de
relacionamento, Lula não saberá "o
que fazer" em tal situação de adversidade.
É o caso de ficarmos também
"muito preocupados". Embora não
propriamente com Lula, com a China ou com a vaia.
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