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FHC recomenda humildade a Lula; Serra aponta frustrações
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB) recomendou ontem humildade
ao presidente Luiz Inácio Lula
da Silva ao comentar as vaias ao
petista na abertura do Pan.
Para FHC, na vida pública é
preciso se habituar a não ser
"arrogante". Duvidando que tenham sido previamente organizadas, o tucano sugeriu que
Lula se auto-avalie. "Acho que o
presidente Lula precisa, assim
como eu, como você, como todos nós, olhar e saber: "Será que
sou tão bom quanto estou dizendo que sou?" Talvez um
pouco de humildade ajude".
Presidente por dois mandatos (1995- 2002), FHC afirmou
que o incidente é "até bom":
"Quem é líder precisa perceber
que se tem planalto e planície.
Tem pontos de vista diferentes.
Vai ser sempre assim. Tem que
se habituar democraticamente
a não ser arrogante", disse.
Já o governador paulista, José Serra (PSDB), não quis comentar se o mal-estar serviria
de matéria-prima para reflexão. "Sou governador de São
Paulo. Não vou dar aqui conselhos para o Lula". Duvidando,
como FHC, que a manifestação
tenha sido planejada, Serra
atribuiu as vaias a frustrações:
"Certamente frustrações".
Diante da insistência para que
as especificasse, afirmou: "As
pessoas podem dizer. Acho
bom fazer uma pesquisa".
Presente à cerimônia, Serra
contou ter se lembrado do dramaturgo Nelson Rodrigues:
"Ele dizia que até mulher nua
era vaiada no Maracanã. Minuto de silêncio com certeza". O
próprio Serra já foi vaiado no
Maracanã, quando era ministro
da Saúde, durante um jogo entre Palmeiras e Botafogo, em 11
de junho de 1999.
Também incitado a apontar a
causa das vaias, FHC declarou:
"Seguramente os que estavam
lá não estão muito felizes com o
que está acontecendo". FHC
disse, porém, não levar as vaias
ao "pé da letra". "Vida pública é
assim mesmo. Há um momento em que você tem vaias e há
um momento em que tem
aplausos. Isso não tem significado transcendente."
Além de protestos organizados em eventos aos quais compareceu, FHC foi vaiado em
três comemorações do Sete de
Setembro em Brasília: os protestos durante os desfiles ocorreram, pelo menos, em 1999,
2001 e 2002, seu último ano como presidente. Fora essas ocasiões, o tucano enfrentou vaias
em atos organizados por estudantes, servidores, militantes
de partidos de esquerda, metalúrgicos e sem-terra. Em maio
de 1998, ao ser vaiado por militantes do MST, FHC reagiu e
chamou os manifestantes de
"desesperados que não têm a
mínima educação necessária".
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