São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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MEMÓRIA
Governador paulista de 83 a 87, fundador do PSDB havia sofrido um infarto na noite de quarta-feira
Franco Montoro morre aos 83 em SP

Folha Imagem
O deputado federal André Franco Montoro, 83, ex-governador de São Paulo (1983-87), que faleceu ontem


em São Paulo

O deputado federal André Franco Montoro, 83, governador de São Paulo (1983-87) e um dos fundadores do PSDB, morreu ontem, à 1h30, no Incor (Instituto do Coração), depois de ter sofrido uma parada cardíaca.
Montoro, um dos líderes do processo de redemocratização do país na década de 80, havia sofrido um infarto na noite de quarta-feira, dia do seu aniversário.
Ele estava embarcando para o México, onde iria participar de um congresso e defender a restrição aos fluxos de capitais especulativos.

Diversas correntes
O velório, o primeiro a ocorrer no hall nobre do Palácio dos Bandeirantes (sede do Executivo paulista), reuniu políticos de vários partidos e diversas correntes.
Estiveram no local outros fundadores do PSDB, entre eles o presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador paulista, Mário Covas.
Também compareceram o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o ex-ministro Bresser Pereira, o ex-governador Orestes Quércia (que foi vice de Montoro), os senadores Eduardo Suplicy (PT) e Romeu Tuma (PFL), o ex-candidato do PPS à Presidência Ciro Gomes, o vice-governador Geraldo Alckmin (PSDB), o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB), e o presidente nacional do PT, deputado José Dirceu, entre outros.
Quase todos os políticos lembraram o fato de Montoro ter sido um dos principais líderes do movimento "Diretas-Já". Em seu governo, ajudou a organizar o histórico comício da praça da Sé, em 84, quando 300 mil pessoas reivindicaram o direito de votar em eleição direta para presidente.
O arcebispo de São Paulo, d. Cláudio Hummes, celebrou, às 16h, missa de corpo presente, destacando que Montoro foi "um homem que sempre lutou contra a corrupção e a injustiça".
Seu caixão sairá do Bandeirantes às 10h de hoje, para enterro no cemitério Gethsêmani (zona sudoeste de SP).
Ao sair do Incor em direção ao Palácio Bandeirantes, o corpo de Montoro foi acompanhado de cortejo, escoltado por 20 batedores da PM. Diversas pessoas aplaudiram a passagem do cortejo.
No trajeto, a única autoridade a acompanhar a mulher do governador, Lucy Montoro, foi Paulo Renato Souza.
Ainda no Incor, Paulo Renato disse que Montoro ajudou a iniciar várias carreiras públicas, inclusive a sua, e foi o principal responsável pela democratização do país, ao protagonizar o movimento das "Diretas-Já".
Dos sete filhos de Montoro, apenas o secretário estadual André Franco Montoro Filho (Planejamento) não estava em São Paulo. Ele chegaria de Nova York na noite de anteontem. Os 14 netos do governador estiveram no velório.
Covas, ao inaugurar, três dias atrás, o complexo hidrelétrico Canoas, disse que Montoro é um político com o dom de fazer os outros pensarem positivamente.
Ontem, ele o classificou como "fiel", "coerente" e "tolerante". '"Era uma pessoa que acreditava nas coisas", disse, definindo-o como um conselheiro.
Franco Montoro foi senador e era deputado federal reeleito. Participou também, como ministro, do governo de João Goulart.

Complicações
Quando Montoro foi internado no Incor, à 0h53 de anteontem, os médicos contavam com a possibilidade de o atendimento rápido efetuado no aeroporto de Guarulhos ter ajudado a evitar o risco de morte.
Mas três fatores ajudaram a complicar o quadro do governador: sua idade, ter bronquite e ser portador de uma úlcera estomacal.
O Estado e a cidade de São Paulo estão em luto oficial por sete dias desde ontem, quando foi determinado o estabelecimento de ponto facultativo no funcionalismo estadual.


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