São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2001

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Jobim teme riscos do voto impresso

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A eventual adoção do voto impresso no sistema eletrônico de votação vai criar pelo menos seis diferentes riscos de problemas ou de fraudes, conforme alerta feito pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Nelson Jobim, a um grupo de deputados e senadores.
Jobim definiu esses riscos como "inconvenientes". O ministro conversou anteontem à noite com os congressistas, listou os prováveis problemas e defendeu a necessidade de o Congresso examinar todos eles caso decida pela aprovação de lei que institua essa mudança. O presidente do TSE afirmou que, dependendo do sistema de votação que for adotado, poderá ser violado o sigilo do voto do eleitor, o que é proibido pela Constituição Federal.
Também disse que poderão reaparecer os votos de "cabresto" e de "carreirinha".
O voto impresso está sendo cogitado para afastar a suspeita de eleitores e partidos políticos quanto à falta de confiabilidade do sistema da urna eletrônica. A mudança tem sido exigida por alguns congressistas e pelo presidente do PDT, Leonel Brizola. Na semana passada, Jobim admitiu-a pela primeira vez.
No modelo sob estudo, o eleitor poderá conferir os dados impressos depois de concluir a digitação dos números de todos os candidatos. Se estiver de acordo, confirmará. Caso contrário, repetirá a operação. Se divergir novamente dos dados impressos, será levado pelo mesário a outra cabine para votar no sistema convencional, com o uso de cédula.
Jobim identificou seis "inconvenientes" nesse sistema, relacionados à possibilidade de quebra do sigilo do voto, a fraudes e a questões operacionais, como demora e consequente formação de grandes filas nas seções eleitorais.
Uma das situações em que o eleitor teria o voto revelado seria na hipótese de somente ele votar na cédula, em uma seção com 300 votantes. Ao término da votação, o voto seria lido diante de fiscais para inserção na urna eletrônica.
Outra possibilidade de quebra do sigilo seria dez pessoas votarem pelo sistema convencional, mas todas elas optarem pelo mesmo candidato. O adversário desse candidato saberia que um suposto eleitor seu não foi fiel à promessa de voto.
A votação em separado também favoreceria o surgimento de fraude, como o voto de "carreirinha". O eleitor poderia guardar a cédula oficial no bolso e depositar uma falsa para repassar a primeira ao cabo eleitoral, que a preencheria e entregaria a outro eleitor.
A repetição da operação formaria uma corrente em que as cédulas não seriam preenchidas pelo próprio eleitor.



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