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BC SOB PRESSÃO
Lula baixou decisão por MP, a pedido do presidente do banco
Meirelles ganha status de ministro e foro privilegiado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva decidiu conceder ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, status de ministro
de Estado. Com isso, ele ganha direito ao foro privilegiado.
A decisão foi baixada por medida provisória e significa que, a
partir de agora, ações judiciais
contra o presidente do BC terão
de ser impetradas no STF (Supremo Tribunal Federal), como já
ocorre para os demais ministros
de Estado. A MP seria publicada
em edição extra do "Diário Oficial" ontem à noite, quando já
passaria a vigorar. Depois, precisa
ser votada no Congresso, que tem
o poder de derrubá-la.
A mudança fará com que as recentes acusações de sonegação
fiscal contra Meirelles, por exemplo, se forem transformadas em
ações judiciais, terão de ser apresentadas ao STF.
Segundo a Folha apurou, a medida foi um pedido do próprio
Meirelles, que ficou incomodado
nos últimos dias com as acusações contra ele de sonegação fiscal. O governo temia que Meirelles pedisse demissão e decidiu
atender a seu pedido.
A medida já vinha sendo discutida entre Meirelles e o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci Filho, há cerca de seis meses. Foi
adotada agora devido às acusações contra Meirelles.
Na época em que Meirelles foi
convidado para o cargo, após outros recusarem o convite, o governo chegou a estudar a possibilidade de dar ao presidente do BC o
status de ministro. Na época, o
motivo era permitir que ele não
precisasse renunciar ao mandato
de deputado federal conquistado
pelo PSDB de Goiás.
Antes do foro privilegiado, o
presidente do BC podia ser alvo
de ações na primeira instância da
Justiça. Os antecessores de Meirelles sempre reclamaram disso,
alegando que o presidente do BC
ficava sujeito a decisões de juízes
de qualquer cidade do país, inclusive a ordens de prisão.
Um dos antecessores de Meirelles, Gustavo Loyola, já teve até de
ficar escondido dentro do BC para evitar uma ordem de prisão. Na
época, o governo acabou conseguindo revogar a decisão de um
juiz de primeira instância.
A medida que concede ao presidente do Banco Central o status
de ministro tem como objetivo,
segundo a equipe econômica, dar
mais estabilidade ao comandante
do BC. Segundo um assessor de
Meirelles, o presidente do banco
fica "muito exposto" a ações no
campo judicial.
A novidade foi divulgada ontem
à noite por meio de nota do Ministério da Fazenda. Segundo o
texto, o BC "assumiu nos últimos
anos importância estratégica em
razão da complexidade de suas
atribuições". A nota diz que a edição da MP foi por "solicitação do
Ministério da Fazenda, transformando o cargo de natureza especial de presidente do BC em cargo
de ministro de Estado".
Apesar da mudança de status, a
aprovação do indicado para a
presidência do BC continua tendo
de ser submetida ao crivo do Senado Federal, conforme previsto
na Constituição.
Se por um lado ele ganha foro
privilegiado na Justiça, por outro
ele poderá ser convocado pelo Senado a dar explicações nas comissões. Até agora Meirelles não respondeu aos convites para a participação em audiências públicas
na Casa. Como ele não tinha o status de ministro, os senadores só
podiam convidá-lo.
Para o líder do PFL no Senado,
José Agripino (RN), a edição da
MP pelo governo "é uma imputação de culpa antecipada".
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