São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Só pensa naquilo

Lula está tomado pela idéia de anunciar, muito antes do final de seu mandato, um projeto de grande porte para o país na esteira das possibilidades abertas pelo petróleo da camada pré-sal. Em reunião no Planalto, disse a auxiliares que, ainda que a exploração demore três ou quatro anos para começar, a decisão sobre o que fazer tem de ser tomada agora.
O presidente também conversou com governadores de Estados produtores para tentar acalmá-los quanto aos royalties. Ponderou que, embora esse tema e o marco regulatório do pré-sal sejam correlatos, não estão "necessariamente ligados". Mas seu discurso não foi de todo tranqüilizador. Lula acha, sim, que precisa haver distribuição "mais igualitária"" das receitas.



No mínimo. Pelas informações que lhe foram apresentadas até agora, Lula trabalha, no cenário mais conservador, com a perspectiva de que o pré-sal eleve o Brasil para o patamar de reservas da Venezuela. Só que com petróleo de melhor qualidade.

PT Oil. Comentário de um petista diante do fervor com que senadores do partido, Aloizio Mercadante (SP) e Ideli Salvatti (SC) à frente, passaram a defender nova repartição dos royalties e marco regulatório específico para o pré-sal: "De repente, surgiu um monte de especialistas em petróleo na bancada do PT".

Tamos aí. Bastou Lula conclamar, durante solenidade na UNE, as chamadas entidades da sociedade civil a embarcar na onda nacionalista para a União Geral dos Trabalhadores lançar a campanha "O pré-sal é nosso". O presidente da UGT, Ricardo Patah, diz que se trata de novo "vetor da distribuição de renda".

Termômetro. As primeiras tomadas de temperatura indicam que a reserva indígena Raposa/Serra do Sol não manterá o atual desenho depois de passar pelo julgamento do STF no próximo dia 27.

Sujou. Em reunião no Planalto, alguém perguntou o que pretende o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), com iniciativas como bombardear a MP que cria o Ministério da Pesca. Resposta vinda do alto: "Seja lá o que for, ele não está num bom caminho para conseguir".

Nova opção. Se Marta Suplicy vencer a eleição em São Paulo, os partidos do chamado "bloquinho", que hoje investem exclusivamente em Ciro Gomes (PSB) para 2010, passarão a comprar ações também da petista. Sua candidatura abriria caminho para Aldo Rebelo (PC do B) virar prefeito. Há até quem sugira Ciro para vice da ex-ministra.

Gatilho 1. A campanha de Gilberto Kassab (DEM) fez pesquisas qualitativas para testar o desempenho do candidato nas inserções de 15 segundos que serão usadas a partir desta semana na propaganda eleitoral. A série de comerciais mais bem avaliada pelos eleitores tem o título de "Meu nome é Trinity".

Gatilho 2. Nesse faroeste italiano dos anos 70, dois irmãos engraçados e meio trapalhões, rápidos no gatilho e bons de briga, tentam salvar uma cidade das mãos de ladrões de gado. Nada a ver com a dupla Serra e Kassab.

Assumido. Aécio Neves está por todo lado no site da campanha de Márcio Lacerda (PSB) em BH. O governador tucano aparece em vídeos, foto e no jingle, que escancara a relação: "Eu tô com Lula, Aécio, Márcio e Pimentel".

Credenciais 1. ACM Neto (DEM) quase não utilizará imagens de estúdio em sua propaganda eleitoral. Líder das pesquisas em Salvador, o candidato atuará como apresentador dos programas, que serão gravados na rua.

Credenciais 2. Logo no primeiro dia, Neto exibirá imagens do avô. O ex-governador Paulo Souto e o radialista Raimundo Varella também entram na estréia.


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Temos de debater o assunto sem transformá-lo numa competição para ver quem mergulha primeiro no poço de petróleo, a começar por quem não produz."
Do governador de Sergipe, MARCELO DÉDA (PT), sobre a discussão, envolvendo parlamentares e Estados não-produtores, para mudar o marco regulatório do petróleo e a lei dos royalties.

Contraponto

Porta da esperança

Silvio Costa (PMN-PE) foi procurado por um candidato a prefeito de um pequena cidade pernambucana.
-Deputado, o senhor precisa me ajudar a imprimir 2 milhões de santinhos-, disse o homem.
-Não... isso é pouco... Vamos fazer logo 4 milhões-, respondeu Costa sem hesitar.
O candidato viu a chance de ampliar a lista:
-Vou precisar também de cinco carros.
-Vamos colocar dez!
Incrédulo, o aliado arriscou:
-O senhor está brincando, né?
-Estou. Mas quem começou a brincadeira foi você...


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