São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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entrevista

"São um bando de bandidos", diz Viscome

DA REPORTAGEM LOCAL

Preso em 1999 por extorsão no esquema de corrupção da máfia dos fiscais, o ex-vereador Vicente Viscome (PT do B) cumpriu quatro anos e meio da pena de 16 anos a que foi condenado. Em 2007, a pena foi extinta. Agora Viscome tenta voltar à Câmara Municipal. Segundo o candidato, ele resolveu denunciar supostas práticas irregulares de seus concorrentes para combater o abuso de poder. Em entrevista à Folha, ele acusou a vereadora Myryan Athie de compra de votos e criticou seus antigos colegas. "São um bando de bandidos", disse. Viscome afirma que não é vingança, mas "revolta" com o ostensivo uso da máquina administrativa nas eleições pelos atuais vereadores. O ex-vereador, que já foi notificado cinco vezes pelo Ministério Público Eleitoral, concorre pela coligação "Tostão contra o Milhão". À Justiça Eleitoral, Viscome declarou patrimônio de R$ 20,2 milhões, cerca de 60% do total dos bens declarados pelos 52 vereadores que tentam a reeleição. (CDS)

 

FOLHA - O senhor foi preso num grande escândalo de corrupção...
VICENTE VISCOME - E cumpri a pena determinada pela lei. Hoje sou um cidadão igual a todos. Tenho direito de competir. Mas é difícil, porque quem está no poder não quer. Tem Justiça para uns e para outros, não. Pedi a Jesus Cristo que abra os olhos dos juízes. Não pode pintar o muro, não pode fazer uma camiseta. Mas quem está no poder tem direito a mala direta, a gasolina da prefeitura, tem vantagem em tudo. A máquina é usada de tudo quanto é jeito. É covardia.

FOLHA - O senhor montou um flagrante no comitê da vereadora Myryam Athie. Por quê?
VISCOME - Eu ouvi aqui no bairro que ela troca voto por cesta básica. E não é uma por mês. A cada 15 dias, ela dá uma cesta básica para esses coitados que estão necessitando de comer. É inadmissível. Isso aí é compra de voto. A Justiça tem que tomar uma providência.

FOLHA - Há mais violações?
VISCOME - Ela engana velhinhas aposentadas, distribuindo correntinhas folheadas em chás beneficentes.

FOLHA - É vingança?
VISCOME - É revolta. Se tem lei para Viscome, tem que ter lei para quem está no poder. Existem vários candidatos com abuso de poder. Um tem acesso na Subprefeitura da Mooca, outro tem acesso na Penha, outro na Vila Formosa. Usam funcionário da subprefeitura para campanha.

FOLHA - Candidatos estão desrespeitando a legislação?
VISCOME - Exemplo é comprar voto por cesta básica. Isso é um absurdo. Tem que ir para a cadeia uma pessoa dessas. Eu tenho sido acuado na minha campanha. Recebi cinco notificações do Ministério Público movidas por concorrentes, para me fazer gastar tempo na Justiça e não me dedicar à eleição.

FOLHA - Difícil voltar à política?
VISCOME - No meio desse bando de bandido que tem dentro da Câmara... São um bando de bandido. Ninguém quer perder aquela teta gorda que existe lá dentro.


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