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Sargento que esteve no Araguaia pede indenização
Militar quer R$ 500 mil da União por supostos danos
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A PARAUAPEBAS (PA)
Citado nos livros sobre a
guerrilha do Araguaia como um
dos mais ativos militares na
campanha contra os militantes
do PC do B, o sargento reformado João Santa Cruz Sacramento, 77, reivindica da União o pagamento de R$ 500 mil como
indenização por supostos danos morais e sequelas psíquicas
e físicas decorrentes da campanha na selva amazônica.
Por intermédio de seus filhos, os jornalistas Flávio e Fábio Sacramento, o militar informou à Folha ter condições
de indicar em Marabá (PA),
São João do Araguaia (PA) e
Xambioá (TO)-municípios
onde morreu a maior parte dos
guerrilheiros- possíveis locais
clandestinos de sepultamento.
Em 4 de setembro de 2001, o
sargento Santa Cruz prestou
um depoimento secreto à Comissão de Direitos Humanos
da Câmara dos Deputados.
Disse que "nunca houve um
confronto" entre militares e
guerrilheiros. "Eles já andavam
era correndo da gente. Não estavam mais enfrentando ninguém, não, porque estavam
praticamente passando fome,
eles não tinham condições. E
eles não tinham realmente armamento para combater o
Exército", disse Santa Cruz, segundo a transcrição do depoimento, obtida pela Folha.
Do depoimento participou
Flávio Sacramento, diretor-presidente do "Correio do Pará"", jornal com sede em Parauapebas (670 km ao sul de
Belém). Ele passou parte de
sua infância e adolescência na
fazenda Bacaba, onde morava
com o pai, a mãe, uma irmã e o
irmão Fábio. A Bacaba serviu
de base militar na campanha
contra os guerrilheiros rurais
do então clandestino PC do B.
Para ter o sargento na ação
antiguerrilha, o Exército permitiu que ele trouxesse a família para viver na Bacaba a partir
de 1973, início da ação de extermínio promovida pelo governo
militar contra os guerrilheiros.
Santa Cruz ingressara no Exército 23 anos antes. Era considerado o mais capacitado militar
brasileiro em ações de selva.
Flávio confirmou à Folha algumas informações do depoimento, como a de ter visto em
sua casa na Bacaba a guerrilheira Luíza Garlippe, a Tuca,
capturada em 1974. Seu nome
consta da lista de desaparecidos no Araguaia -cerca de 60.
O irmão Fábio, 40, lembrou
ter visto uma ossada junto da
pista de pouso da Bacaba, local
que será vasculhado pela comissão que há uma semana circula pelo Araguaia à procura de
restos mortais dos guerrilheiros. "Eu estava "passarinhando"
ali quando vi a ossada. Era pequeno, mas nunca me esqueci".
A comissão encerrou o trabalho em três das quatro áreas escolhidas nesta primeira fase de
buscas -nada foi encontrado.
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