|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AVANÇA BRASIL
Parcela prevista para complementar o investimento do governo no programa representa 32% do total
Projeto não controla os recursos privados
RANIER BRAGON
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA
A coordenação nacional do
Avança Brasil, programa do governo Fernando Henrique Cardoso que gerencia os 377 principais
projetos federais, afirma não ter
controle financeiro sobre o investimento que a iniciativa privada
fez ou fará no programa.
O dinheiro privado era para estar incluído na contabilidade de
investimentos não-orçamentários, que envolve também recursos de agências de financiamento,
de Estados e de municípios.
Para esse grupo, segundo o planejamento governamental, a meta de investimentos é de R$ 413 bilhões de janeiro de 2000 até dezembro de 2003, período de vigência do Avança Brasil.
O valor representa 32% de toda
a meta de recursos a ser investida
nos projetos do plano nos quatro
anos de sua existência, que é de
R$ 1,29 trilhão. O restante do dinheiro vem do governo.
De acordo com o coordenador
do programa, José Paulo Silveira,
a União não tem mecanismos de
exigir que as empresas abram a
contabilidade sobre o que gastaram nos projetos. "Você não pode
obrigar uma empresa que construiu uma hidrelétrica prevista no
plano a lhe dizer quanto gastou",
disse. Ele ressalta que a obra ou
ação física, porém, é de conhecimento do governo.
Dificuldades
A Folha publicou duas reportagens neste mês mostrando dificuldades na implantação do Avança Brasil, programa que tem
como objetivo planejar as ações e
gastos federais a longo prazo.
A primeira reportagem , no dia
2, mostrou que o governo havia
reduzido o grupo de programas
prioritários devido à crise financeira. Ontem, reportagem revelou
que apenas 36,7% dos recursos financeiros destinados aos 67 projetos estratégicos do Avança Brasil, ou seja, prioritários, foram
realmente executados até o final
de 2001, quando o plano já tinha
atingido 50% de sua existência.
Entre as áreas afetadas, estão a de
transporte e a de saneamento.
A coordenação do Avança Brasil diz considerar a real implantação das ações mais importante do que índices sobre a execução orçamentária.
A não-contabilização, ou contabilização em parte do dinheiro
que estaria sendo empregado pela
iniciativa privada nos projetos,
que envolvem ações de todos os
ministérios, resulta na constatação de que o Avança Brasil só tem
um panorama financeiro seguro
quando são levados em conta
apenas gastos e metas de responsabilidade da União.
Um exemplo disso é que, somadas as metas de investimento do
governo e da iniciativa privada,
ou seja, metas orçamentárias e
não-orçamentárias, o índice de
execução financeira dos 67 projetos prioritários do Avança Brasil
seria de apenas 25,6% no final de
2001, período em que o plano
atingiu 50% de sua vigência.
O governo afirma que a comparação não pode ser feita justamente porque o dinheiro que a
iniciativa privada poderia ter investido nos projetos -a área
energética é citada como um dos
principais exemplos- pode não
estar contabilizado. Se isso ocorreu, a meta de investimento privado permanece, mas o dinheiro investido não aparece, o que daria
uma falsa impressão de baixa execução em relação às metas.
Texto Anterior: Janio de Freitas: Duas lembranças Próximo Texto: Justiça: Juíza é a 1ª a assumir comando do TRT-SP Índice
|