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Petista admite esforço para vencer eleição ainda no primeiro turno
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A ARACAJU
Pela primeira vez na atual campanha, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio
Lula da Silva, fez ontem referência
clara à possibilidade de vencer a
eleição no primeiro turno.
"Se depender do meu esforço,
vou fazer o possível para ganhar
as eleições o mais rápido que puder", declarou Lula, ao iniciar discurso para 20 mil pessoas no centro de Aracaju (SE). No final da fala, ele despediu-se dizendo: "Até a
vitória em 6 de outubro".
As referências de Lula não foram gratuitas. Levantamentos internos do PT indicam a possibilidade de ele crescer mais nas próximas pesquisas. A ordem no partido é evitar publicamente o tema
para afastar acusações de "salto
alto", mas os petistas avaliam que,
caso Lula chegue perto dos 45%,
será inevitável a deflagração de
uma ação para tentar vencer a
eleição no primeiro turno.
Antes do discurso, em entrevista coletiva, Lula disse que manterá
sua linha de campanha sem ataques diretos a adversários, apesar
de o tom das críticas ao governo
federal já ter aumentado. Declarou que isso ocorrerá mesmo "se
houver segundo turno": "Quero
ter o maior número de votos em 6
de outubro. Mas a eleição no Brasil é complicada. Se tiver segundo
turno, vamos manter nossa estratégia", declarou o presidenciável.
O petista também disse que a
tentativa de José Serra (PSDB), de
criticá-lo por seu suposto despreparo pode acabar prejudicando o
próprio tucano. "É impensável
que no novo milênio ainda tenha
gente que utilize o preconceito como arma. Qualquer coisa desse tipo se volta contra a pessoa", disse.
Equipe
Ecoando a propaganda exibida
em seu programa de TV, que procura exibir uma vasta equipe de
assessores para neutralizar a acusação de despreparo, Lula afirmou que nunca vai "governar sozinho". Dirigindo-se à parcela da
elite que o critica, o candidato foi
irônico: "Quero tomar decisões
junto com muita gente competente. Pretendo ensinar à elite brasileira como governar este país".
Nos últimos dias, a campanha
de Serra tem procurado fazer uma
comparação entre o preparo intelectual e a capacidade administrativa de ambos, buscando forçar
uma polarização com o petista.
Sem citá-lo nominalmente, Lula
declarou ainda que não ia julgar o
procurador da República Luiz
Francisco de Souza, acusado ontem por Serra de agir de forma
eleitoreira para favorecer o PT.
"Tenho tido admiração pelo
Ministério Público nos últimos
anos. Mas não julgo o comportamento do promotor", disse. O petista disse que, ao atacar Luiz
Francisco, o tucano está na verdade tentando atrair a atenção para
si mesmo: "Quem não chora não
mama. Quem não tem argumento tenta jogar a culpa em cima dos
outros", afirmou. A campanha de
Lula será agora voltada para os
principais colégios eleitorais, como São Paulo, Minas Gerais e Rio
Grande do Sul. Sua agenda também deverá se concentrar em Estados nos quais o partido tem
chance real de eleger o governador, caso de José Eduardo Dutra,
em Sergipe, que ocupa a segunda
posição nas pesquisas.
No comício de ontem, Lula recebeu o apoio do senador Antonio Carlos Valadares, que pertence ao PSB do presidenciável Anthony Garotinho. Também havia
dezenas de pessoas com camisas
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Ao comentar sua liderança nas
pesquisas de intenção de voto,
Lula se confundiu e trocou de lugar os verbos de um ditado popular: "Estamos plantando o que
nós colhemos estes anos todos".
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