DA SUCURSAL DO RIO

O candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, disse ontem que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "cometeu uma traição" aos princípios da esquerda brasileira nesta campanha eleitoral.
"O Lula deixou de ser oposição. Está na cara que ele não é um candidato que esteja defendendo seus princípios. Ele abriu mão das suas convicções e quer ganhar a eleição a todo custo", disse o ex-governador do Rio, ao comentar a declaração de João Pedro Stédile, um dos principais líderes do MST, em entrevista publicada ontem na Folha.
Stédile disse que não tem gostado do novo discurso de Lula, que, segundo ele, é "de centro". "Ele foi até modesto, porque a gente sabe, na verdade, que ele gostaria de falar mais", disse Garotinho, durante um intervalo da gravação de programas para o horário eleitoral gratuito.
O ex-governador afirmou ter convicção que irá ao segundo turno com Lula e que vai procurar o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS), e o ex-governador, Leonel Brizola (PDT), para formar uma aliança contra o candidato do PT.
"Se o Ciro quiser nos acompanhar sem suas más companhias, não há nada demais. O problema que estragou a candidatura dele foram essas más companhias, mas o PPS é um partido de oposição", afirmou.
Sobre um possível apoio de Brizola, com quem rompeu em 2001, depois de uma intensa troca de ofensas, Garotinho disse que aceitaria seu apoio, porque não tem "nada de pessoal contra ele".
"Ele [Brizola] é um político que tem se mostrado de oposição ao governo FHC."
Garotinho criticou novamente os institutos de pesquisas, que estariam "manipulando resultados". Segundo o presidenciável, ele já teria passado Ciro e estaria disputando com Serra a segunda colocação na corrida eleitoral para o Palácio do Planalto. Os institutos, disse, insistem em colocá-lo em empate técnico com o candidato da Frente Trabalhista.
Garotinho citou como exemplo o encontro entre Lula e Fernando Henrique Cardoso, em agosto, e o apoio dado ao petista por políticos como Orestes Quércia (PMDB-SP) e José Sarney (PMDB-AP).
"Depois que ele apertou a mão do Sarney, o slogan da sua campanha mudou: não é o Lula-lá, é o Lula-ley, o Lulinha do Sarney." Garotinho aproveitou também para atacar José Serra e as inserções contra ele, veiculadas pelo tucano: "Agradeço muito à desobediência do Serra, porque eu quase não tenho tempo de TV. Agora ganhei as inserções dele, que tem muitas".