São Paulo, sábado, 17 de setembro de 2005

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Nos bastidores, aliados e oposição se atacam

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de afirmarem publicamente que ainda buscam um nome de consenso para suceder Severino Cavalcanti (PP-PE) na presidência da Câmara, governo e oposição se atacam nos bastidores e já costuram apoios diante da perspectiva de um possível enfrentamento no plenário.
Na oposição, PFL e PSDB anunciaram que caminharão juntos para escolher um candidato, que poderia ter ainda o aval de PDT, PPS e dos chamados partidos nanicos. Embora considerem prematura a avaliação, eles não descartam se agrupar em torno do presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP).
"Se não reunirmos maioria [para um nome do PFL], podemos compor com o Temer", disse o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ). "Eu não rejeito essa hipótese não", reforçou Alberto Goldman (SP), líder do PSDB.
A avaliação dos oposicionistas é que Temer, cujo perfil agrada devido ao posicionamento crítico em relação ao Palácio do Planalto, angariaria votos com mais facilidade para derrotar um candidato do PT. Temer presidiu a Câmara por dois mandatos no governo Fernando Henrique Cardoso.
O problema para emplacar Temer é que, além da rejeição de governistas, seu nome foi recusado pela ala do PFL ligada ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Na reunião suprapartidária de anteontem, os governistas sugeriram o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR) como alternativa a Temer.
A ala pefelista ligada a ACM defende que seja seguido o critério da proporcionalidade das bancadas e, portanto, a indicação fique com o PT -maior bancada- sob o argumento de que apresentar um nome agora que não do PT poderá abrir um precedente perigoso para o caso de a oposição vencer as eleições de 2006.

Baixo clero
Paralelamente, parte do chamado baixo clero, que sustentou a eleição de Severino, sinalizou que apoiaria um candidato da oposição, desde que tenha um discurso mais moderado. Sugeriram o ex-governador de Pernambuco Roberto Magalhães (PFL).
O PT resiste em negociar a candidatura de um deputado que não seja do partido, mas tem dificuldade para encontrar um nome na bancada que tenha o aval do Planalto e trânsito e aceitação na oposição. O mais forte continua sendo Sigmaringa Seixas (DF).
Temeroso de não conseguir apoio dos partidos da base e perder no voto, o governo admite como saída bancar outros nomes. Um deles pode ser o do primeiro-secretário Inocêncio Oliveira (PE), que trocou o PFL pelo PL.
Tanto o nome de Inocêncio quanto o de um petista, entretanto, enfrentarão rejeição da oposição. "Se o PT insistir em lançar candidato vai contrariar o que o Tarso [Genro, presidente do PT] combinou comigo", disse o tucano Goldman. "No caso do Inocêncio, não tem acordo, a Mesa precisa de oxigênio, de alguém para romper os costumes."


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