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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CASO SANTO ANDRÉ
Com promessa de delação premiada, preso muda depoimento e acusa Sérgio Gomes da Silva de ter sido o mandante do crime
Preso afirma que matou Daniel por R$ 1 mi
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a promessa de delação
premiada, um dos homens presos
pelo assassinato do prefeito de
Santo André, Celso Daniel (PT),
afirmou ontem em juízo que o ex-segurança e empresário Sérgio
Gomes da Silva prometeu R$ 1
milhão pelo crime.
O preso, cujo nome é mantido
em sigilo, já havia sido interrogado pelo juiz Luiz Fernando Prestes, de Itapecerica da Serra (SP),
em dezembro de 2003. À época,
disse não ter assassinado Daniel
nem conhecer Gomes da Silva.
Ontem, mudou seu depoimento. Confirmou participação no
crime e acusou diretamente o empresário pelo crime.
Antes, no entanto, disse que
queria o benefício da delação premiada. Com isso, se a Justiça entender que o depoimento dele pode ajudar na investigação, a pena
imposta poderá ser reduzida.
Ao juiz, o preso falou da dinâmica no dia do seqüestro, 18 de janeiro de 2002, quando o ex-prefeito jantava com Gomes da Silva.
Disse que, minutos antes do arrebatamento, a quadrilha recebeu
uma ligação do empresário, que
teria avisado que ele e o prefeito
estavam saindo do restaurante.
Disse ainda que o empresário
"facilitou" o seqüestro do petista.
O corpo de Daniel foi encontrado dois dias depois do seqüestro
em uma estrada de terra com
marcas de tiros e sinais de tortura.
Carta
Foi esse mesmo preso que, no
dia 12 de agosto de 2005, enviou
uma carta ao empresário e outra
ao advogado dele, Roberto Podval, cobrando pelo suposto valor
combinado pelo crime.
Na carta, o preso diz: "Você nos
contratou para pegar o prefeito
Celso Daniel, para arrancar os documentos que estavam com ele e,
depois, eliminar o mesmo. Nós fizemos o que você mandou no dia
certo". E continua: "Já se passaram muitos anos depois do acontecido e você sequer nos procurou. Nós não iremos segurar tudo
isso para você".
No interrogatório, ele reafirmou o que havia escrito na carta.
Disse ainda: "Eu e os meus companheiros já estávamos nos Três
Tombos [local do arrebatamento
de Daniel] aguardando [...]. Fizemos o que já tinha sido combinado antes, fechar você [Gomes da
Silva] com a Blazer, atirar nos
pneus e nos vidros e, depois, você
destravava as portas do carro".
O documento foi anexado ao
processo por Podval.
No interrogatório de ontem, de
cerca de uma hora, o preso disse
ter escrito a carta em nome dos
outros seis presos pela morte do
prefeito -o que os demais membros da quadrilha da Favela Pantanal não confirmam.
O objetivo do seqüestro, disse
ele ao juiz, era "arrancar" de Daniel documentos que supostamente interessavam a Gomes da
Silva. Os papéis foram recuperados, e a ordem para o assassinato
foi dada. "O depoimento dele é
consistente, tem detalhes. Quanto
à delação premiada, isso é uma
garantia constitucional. Nós também oferecemos esse benefício a
Gomes da Silva", afirmou o promotor Roberto Wider Filho.
"Pífia"
Roberto Podval, advogado de
Gomes da Silva, disse que a declaração do preso foi "pífia" e que
não tem sentido. "O que o preso
falou não tem a menor credibilidade. Ele se contradiz o tempo todo. Dá a impressão de que ele está
tentando se aproveitar da delação
premiada para tirar vantagem."
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